Há um risco muito grande de
o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social)
extrapolar a previsão de resultado fiscal para este ano. A previsão é de que
tenhamos um déficit na ordem de 139 bilhões e, considerando o ritmo da execução
orçamentária e financeira do primeiro semestre, a expectativa é de que o
déficit seja maior. A meta fiscal é a diferença entre as receitas e as despesas
do setor público no mesmo exercício.
Temos dois motivos para que
este risco possa se concretizar. O primeiro é que o governo está tendo receitas
frustradas, ou seja, está arrecadando menos do que o previsto, e o segundo
motivo é que o governo está com seus gastos crescendo mais do que o previsto.
Com efeito, temos um aumento do déficit. A meta fiscal é aprovada na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o governo não pode extrapolar sem ter
autorização do Congresso Nacional.
É muito ruim uma economia
ter déficit fiscal. Mais ainda quando ela experimenta déficits sucessivos, como
é o caso do Brasil, que há três anos consecutivos está tendo déficits primários
crescentes. E pelas projeções do próprio governo teremos superávit fiscal
somente em 2020. Já para muito analistas do Brasil e do exterior, isto ocorrerá
somente em 2023.
E por que isto é ruim? Oras
bolas, é ruim porque quando se gasta mais do que arrecada temos que financiar o
déficit e isto só pode ser feito de três formas: aumentando impostos, se
endividando com empréstimos no mercado financeiro ou emitindo moeda.
Quando uma economia
apresenta déficits sucessivos, como é o caso do Brasil, um dos primeiros
efeitos a surgir são o aumento da inflação e o aumento do risco país. Depois
temos o aumento do volume de títulos públicos emitidos para cobrir o déficit,
onde o governo se obriga a aumentar os juros pagos, uma vez que o risco país
aumentou. No caso de agravamento do déficit o governo se obriga a cortar
despesas e a aumentar os impostos sobre a população.
Pois bem, não se trata de um
“déjà-vu”, não. Isto é real e vem acontecendo de forma recorrente na economia
brasileira. E pelo que parece o presidente Temer não está preocupado com o
déficit, uma vez que autorizou liberação de emendas para parlamentares que
estavam numa comissão para julgar se o presidente da República pode, ou não,
ser investigado.
Na realidade não é só o
presidente, mas muitos órgãos públicos também demonstram que não possuem a
menor preocupação em aplicar com qualidade os recursos públicos. A farra com o
dinheiro público está instalada há tempos em nosso país. De acordo com a organização
não-governamental Associação Contas Abertas, temos vários motivos para nos
indignar com a forma que nossos agentes públicos gastam o dinheiro que tiram de
nosso lombo com a cobrança de impostos. Desde pagamento de assessores, diárias
e passagens para ex-presidentes e excesso de cargos comissionados até o
desperdício de recursos por imperícia ou desídia, temos exemplos recorrentes em todo o território nacional e em todos os entes subnacionais.
Agora teremos que pagar mais
impostos para cobrir os gastos suntuosos que os poderes executivos,
legislativos e judiciário executam.
Deveríamos começar uma
campanha arrojada para que nossos agentes políticos começassem a se preocupar,
efetivamente, com a população e parassem de esbanjar dinheiro com a defesa de
seus interesses e passassem a defender os interesses da sociedade. Um bom
começo seria reduzir os repasses para as câmaras de vereadores, assembleias
legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal pela metade. Com certeza
daria para aplicar muito mais recursos na saúde, na educação e na segurança
pública.
Afinal de contas, se formos
detalhar como eles gastam esses recursos será mais um motivo para os trabalhadores
assalariados se indignarem. Ainda mais comparando com o padrão de vida médio do
povo brasileiro.
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