Parece que virou rotina o
fato de vários agentes políticos envolvidos em episódios de corrupção,
recebimento de propinas e desvios de dinheiro público estarem deixando de pagar
suas dívidas com a sociedade.
Quando as investigações e
operações da Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário começaram a ser
desencadeadas, a sociedade desconfiou que fosse mais um pequeno episódio, de
tantos outros na história brasileira, em que acabaria em nada. Foram pequenos
passos. Mas, como em terra de Saci todo passo é um grande salto, escancarou-se
um grandioso esquema de corrupção onde se identificavam verdadeiros estados
paralelos ao do Brasil.
Volumes gigantescos de
dinheiro sendo transportados para todos os lados em malas, mochilas, pacotes e
sabe-se lá em que outro recipiente. Dinheiro que poderia melhorar a
infraestrutura das escolas públicas em regiões mais pobres, capacitar
professores para dar uma formação mais digna para nossas crianças, dinheiro que
poderia ser transformado em medicamentos nos postos de saúde, ou mesmo para
contratar médicos em quantidade suficiente para atender decentemente um povo
tão sofrido como o brasileiro.
Mas, como em terra de Saci
todo morrinho é um Everest, isto não aconteceu. Os bolsos de políticos e
assessores de encheram com este dinheiro e empresários e banqueiros comandaram
nosso país sem pensar na população.
Entretanto, como em terra de
Saci, qualquer chute é uma voadora, a grande redenção para todos foi quando
alguns políticos e assessores corruptos começaram a ser presos. Mais ainda
quando empresários começaram a ir para a cadeia. O país parecia que havia sido
assolado por uma onda moralista que empolgou a todos e passamos a ficar
confiantes de que os culpados seriam condenados e pagariam pelos seus crimes
hediondos contra o povo brasileiro.
O ditado diz que em terra de
Saci, todo corrimão é uma salvação. Pois bem, os agentes desta limpeza moral
que se iniciava passaram a ser a salvação da pátria, nosso corrimão. A
credibilidade deles aumentou, ainda mais, e passamos a ficar mais esperançosos
de que dias melhores estavam por vir.
Muitas pessoas se empolgaram
com o dinheiro que estava sendo “devolvido” pelos corruptos e bandidos presos.
Mas o valor é uma “esmola” diante do que roubaram de nosso país. Perdemos muito
e vai demorar a se consertar o estrago provocado pelos malfeitores do país.
Como na canção do grupo Boca
Livre: “no meio da noite o galo cantou três vezes”. Cantou porque estava
anunciando as peripécias do Saci, o menino travesso de uma perna só que fez com
que a comida queimasse e as pessoas perdessem o rumo. O que vemos agora? Os
corruptos estão sendo liberados da cadeia, podendo “curtir a vida adoidado” com
o dinheiro que deveria estar beneficiando a todos.
Enquanto não criarmos
dispositivos concretos para impedir as práticas perversas e criminosas destes
corruptos, não avançaremos enquanto sociedade. Estamos vendo a criminalidade
avançando e o cidadão de bem sendo acuado e trancado em suas casas.
O que precisamos é de
dispositivos de controle social mais efetivos. Que a população compreenda a
força que possui. Que consigamos escolher pessoas que possam legislar e
fiscalizar efetivamente os atos dos agentes políticos. Precisamos de
ferramentas que garantam a efetiva aplicação do dinheiro público em benefício
de todos e não somente para um grupo seleto de bandidos.
Como em terra de Saci, uma
calça dá para duas pessoas é possível que consigamos este intento. Porém não
podemos descuidar de nossas ações. Devemos sempre estar vigilantes, monitorando
o gasto público e acompanhado as ações dos agentes políticos. Somente assim
poderemos construir um pais melhor no futuro. Mas, vamos ter que segurar nossas
peneiras para espantar os Sacis que surgirem por aqui.
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