Estudos recentes publicados
pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) abordaram
temas relativos ao baixo crescimento da economia global e a importância de
reformas estruturais voltadas para o aumento da produtividade. Já está
pacificado na teoria econômica que uma forma de aumentar a produtividade é a
partir da utilização de tecnologias de processos e de produtos. Entretanto
temos que considerar que muitas economias possuem atividades econômicas
intensivas em mão-de-obra e o aumento da produtividade implica, necessariamente,
em redução do nível de emprego dos fatores de produção, dentre eles o da
mão-de-obra.
Por óbvio nosso país possui
um grande dilema e que está mantendo o baixo crescimento através do baixo nível
de produtividade da economia. É claro que a política econômica irresponsável
implementada pelo governo federal nos últimos dez anos colaborou, e muito, para
que o efeito do “voo da galinha” ocorresse novamente em nossa economia.
Agora os aumentos da
competitividade global aliada aos níveis de baixo crescimento dos países do
globo estão fazendo as economias darem uma guinada de ações políticas no
sentido do protecionismo e os países mais vulneráveis passam a sofrer, ainda
mais, com as mudanças no cenário econômico mundial.
Com efeito, temos que
inserir a economia brasileira num contexto de vulnerabilidade econômica, uma
vez que se não forem implantadas reformas estruturais os agentes econômicos não
conseguirão melhorar seus respectivos desempenhos e o aumento do desemprego
passa a ser iminente.
É claro que a sede
reformista do governo Temer é atrapalhada, intempestiva e autoritária.
Atrapalhada justamente porque está sendo proposta num momento em que os
fundamentos da economia estão muito sensíveis e também porque não se
estabeleceu nenhuma forma de debate com a sociedade. Tais reformas estão vindas,
literalmente, de “cima para baixo”, sem consultas aos cidadãos que serão
atingidos diretamente pelas medidas propostas. Medidas que são concebidas por
um pequeno grupo que se consideram “notáveis” no assunto não é a melhor forma
de fazer mudanças estruturais.
Porém, temos que considerar
que num debate público somente comparecem os militantes que possuem fortes
influências de doutrinas que pregam que o estado deve ser responsável por tudo
e isto é temerário, uma vez que há a necessidade de se indicar as fontes de
financiamento para todas as ações governamentais.
Os governos recentes de
nosso país trataram de ampliar os gastos públicos sem se preocupar com o outro
lado da equação: o da receita. Com isto o desequilíbrio nas contas públicas
jogou nossa economia quase no “fundo do poço”. Agora as medidas para
restabelecer as condições existentes antes das medidas irresponsáveis de nossos
gestores públicos são duras e prejudicam, como sempre, as camadas mais pobres
de nossa economia.
As reformas estruturais
devem acontecer, sim. Mas a parcela racional da sociedade deve participar do
debate e as mudanças devem ser implantadas somente após o convencimento desta
parcela racional que terá a missão difícil de convencer aqueles que pensam
somente com seus respectivos “fígados”.
A participação de pessoas
com tendências extremistas, tanto de esquerda quanto de direita, somente
servirá para tornar o debate mais duro e difícil e, com certeza, os resultados
nunca serão os melhores para o conjunto da sociedade. Nestas situações devemos
seguir a lógica aristotélica de que o equilíbrio está no meio.
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