Todas as pessoas estão
sujeitas a criticas. Entretanto as pessoas que exercem funções públicas além de
críticas, recebem reclamações, demandas e cobrança. Raramente, quase nunca,
recebem elogios ou agradecimentos. Mas isto é compreensível, pois o
entendimento das funções públicas é de que elas existem para servir a
sociedade. Portanto o que eles fazem ou o que eles deveriam fazer nada mais é
do que a sua obrigação.
Por isto os funcionários
públicos são chamados de servidores, pois estão ou deveriam estar servindo a
sociedade para atender os direitos constitucionais dos cidadãos e exercendo as
funções para as quais a instituição em que eles atuam foi criada.
No caso dos agentes políticos
o entendimento deve ser o mesmo: eles estão lá para servir a sociedade e estes
não precisam agradecê-los pelos feitos, pois cumprem meramente suas obrigações.
É claro que não podemos ser
hipócritas e acreditar que isto ocorre com naturalidade, pois é difícil
encontrar uma pessoa que nunca teve uma experiência negativa de demora no
atendimento, de não atendimento ou mesmo de ser maltratado por algum servidor
público. Já no caso do agente político é um pouco mais difícil encontrar alguém
que afirme que foi maltratado por um deles. Pelo contrário eles precisam,
sempre, agradar os cidadãos. Até porque eles são eleitores.
Entretanto os agentes
políticos não admitem, em hipótese alguma, críticas às suas atuações. Até
parece que eles são perfeitos ou que eles estão sempre agindo corretamente.
Será que eles não conseguem lidar com críticas? Será que todos que os criticam
devem ser considerados seus inimigos?
A palavra crítica vem do
grego ckritike, que significa “apreciação minuciosa”. Com efeito, quando alguém
está fazendo uma crítica podemos afirmar que ele está efetuando uma apreciação
minuciosa acerca de algum assunto ou sobre o desempenho de alguém. Destarte não
deveria se tratar de algo necessariamente ruim, embora existam a crítica
construtiva e a crítica destrutiva. Esta segunda nem merece destaque neste
texto.
O que os servidores públicos
e agentes políticos devem ter claro é que eles devem aprender a lidar com as
críticas e devem encará-las como o indicativo de caminhos e alternativas para
melhorar o desempenho institucional e pessoal. Aceitar as críticas deve ser um
exercício constante de tolerância e compreensão até porque as críticas
responsáveis devem ser para o trabalho, para o desempenho, e nunca para a
pessoa.
Quando efetuamos uma crítica
sobre falta de transparência, falta de acesso à informação ou pelo não
atendimento de alguma demanda social a crítica é para a instituição, que possui
uma pessoa como responsável. Não se pode levar para o lado pessoal.
Os agentes políticos que não
estão sendo criticados ou que não sabem que estão sendo criticados devem
desconfiar das pessoas que os cercam. A crítica é natural e faz parte do dia a
dia dos indivíduos. Como sabemos e admitimos que ninguém é perfeito,
automaticamente reconhecemos que o desempenho institucional, que é o conjunto
dos desempenhos individuais, possui falhas e que é possível melhorá-lo.
Temos que encarar as
críticas como disse Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam, porque me
corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”. O agente político deve
encarar o seu crítico como um sinalizador dos caminhos para o desenvolvimento
institucional e pessoal e não visualizá-lo como um oponente, um adversário.
Excelente texto.
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