Tem pessoas que acham que o
setor público é um “saco sem fundos” de recursos, ou seja, que os recursos
orçamentários e financeiros da União, dos estados e dos municípios são
ilimitados. Tal afirmação tem como escopo o discurso de pessoas e instituições
que pensam que o setor público tem que assumir todas as despesas, independente
dos custos, e que deve promover aumentos salariais reais, mesmo em tempos de
crise econômica. Só que não.
Por conta de uma política
econômica míope associada a uma política social que garantiu a ampliação do
colchão social sem se importar se havia ou não dinheiro para financiar tais
eventos nosso país mergulhou numa grave crise fiscal que está atingindo a todos
os Entes Federativos. Alguns com maior proporção, outros com menor, mas a
verdade é que todos foram atingidos.
A União está com déficit
fiscal previsto em R$ 170 bilhões para este ano e a expectativa é de equilíbrio
somente em 2020 e todos os 27 estados possuem escassez de recursos que os
impedem de efetuar investimentos mais vigorosos, sendo que alguns sequer
conseguem garantir a folha de pagamento do funcionalismo em dia. Já os
municípios brasileiros fecharam o ano de 2015 com um déficit nominal de R$ 45,8
bilhões, segundo dados do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF).
A crise fiscal possui duas
vertentes: a conjuntural e a estrutural. A primeira diz respeito ao processo de
recessão econômica onde o PIB está encolhendo, gerando desemprego e reduzindo a
receita tributária do setor público. Com isto há a necessidade de reorganizar
as despesas para fazê-las caber no orçamento ajustado. Já a segunda vertente
diz respeito à composição dos gastos do setor público que pode ser complexa se,
no curto prazo, não for possível reduzi-las. As despesas difíceis de reduzir
são os gastos com pessoal efetivo, pagamento de juros, amortização de dívidas e
despesas vinculadas. Já as despesas com pessoal comissionado e gastos
discricionários facilitam a reorganização fiscal do ente federado, pois são
fáceis de serem “cortadas”.
O Brasil está com um rombo
gigantesco, temos estados como o Rio de Janeiro que já está pedindo socorro ao
governo federal para poder pagar suas contas de custeio mínimo, nove estados e
o Distrito Federal já preveem déficit primário em 2017 e cinco estados possuem
endividamento que supera a 150% da sua receita anual.
E ainda tem gente que acha
que o setor público tem que bancar toda e qualquer despesa. Daí se faz a
seguinte pergunta: vai tirar dinheiro de onde? Não é possível fazer mágica
neste caso, tem que aumentar a receita e/ou reduzir as despesas. Como o cenário
conjuntural é de recessão não dá para arrecadar mais, portanto a saída é
reduzir despesas. Ficar com discursos de que não se pode aprovar a PEC dos
tetos de gastos, pois irá tirar recursos da saúde e da educação não é
totalmente correto, simplesmente manterão os mesmos valores corrigidos por um
índice de inflação. Em contrapartida o que o setor público tem que fazer é,
simplesmente, melhorar a qualidade do gasto público, ou seja, ser mais
eficiente, ter mais produtividade.
Não dá para ficar jogando
toda a conta para o setor público, a menos que se aceite pagar mais impostos
para poder garantir o equilíbrio fiscal. Mas isto “temos que combinar com os
russos”. A sociedade não suporta mais impostos, portanto os governos federal,
estaduais e municipais devem cortar despesas, sim. Devem ser mais eficientes e
produtivos, sim. Qualquer opinião diversa é pura bravata e totalmente
inexequível.
0 comentários:
Postar um comentário