Geralmente os agentes
políticos apresentam números e medidas econômicas, financeiras, sociais e
administrativas com o objetivo de ressaltar suas respectivas gestões e mostrar
para os eleitores que eles foram a melhor coisa que poderia ter surgido para o
país, estado, município ou instituição. É como que sem eles nada teria
acontecido e a população deveria agradecer a sua existência e continuar votando
neles.
Os números e medidas
apresentados podem até serem verdadeiros, mas dependendo de como eles são
manipulados podem distorcer a realidade e induzir a população a ter impressões
diferentes das reais sobre os fatos e eventos ocorridos. Como no “Mito da
caverna” de Platão, apresentado em seu livro “A República”. Esta passagem do
livro explica como as pessoas podem ser iludidas com falsas impressões e falsas
verdades.
Com a divulgação destes
dados muitas pessoas acabam acreditando que estão diante de grandes gestores e
que eles devem continuar no poder. Isto não quer dizer que todos os gestores
usam desta estratégia para autopromoverem suas gestões, existem muitos exemplos
de gestores públicos competentes e que, através da elaboração de políticas
públicas e gestão eficiente, melhoraram a vida das pessoas. Mas também existem
os “picaretas”, aqueles que não conseguem desenvolver boas políticas públicas e
mesmo se as tivessem não possuem capacidade gerencial para implementá-las e
executá-las com eficiência.
Mesmo os dados verdadeiros
podem nos induzir a compreender os fatos de forma distorcida. Por exemplo:
posso afirmar que a economia brasileira cresceu 36,8% nos últimos quatro anos?
Sim, posso. Posso, porque esse foi o crescimento do PIB nominal no período.
Agora se considerarmos a inflação dos diversos segmentos econômicos veremos que
o crescimento real da economia no período foi de 8,8%. Da mesma forma prefeitos
podem divulgar os números do orçamento de seu mandato e comparar com os
antecessores e afirmar que ele aumentou a arrecadação do município, dentre
outras informações que podem ser “maquiadas”. Isto é comum e acontece
diariamente.
Mesmo dados ruins podem ser
divulgados como sendo bons. Acreditem, é verdade. Por exemplo: o governo do
estado do Paraná divulgou que o estado possui a segunda menor taxa de
desemprego do país, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE. É verdade. Uma
verdade inconveniente, pois quem analisar os dados da pesquisa verá que o
desemprego no estado é o segundo menor em termos relativos, sim, porém se
compararmos a taxa de desemprego divulgada com a do mesmo período do ano
passado veremos que a taxa de desemprego comparativa aumentou 50,7%. Portanto
temos uma das menores taxas de desemprego relativa do país, mas temos a quarta
maior evolução no aumento do desemprego nos últimos doze meses. Essa é uma
verdade inconveniente, também.
Desta forma, é evidente a
possibilidade de se criar sombras e ilusões, alterando a verdade, isto é,
apresentando verdades distorcidas. Como na história apresentada pelo filósofo
grego Platão, somos os prisioneiros e temos que fugir desta caverna apresentada
por pessoas que querem nos encantar.
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