É importante reconhecer que os avanços na educação municipal são frutos de esforços contínuos e persistentes. Contudo, à medida que os políticos locais, muitos deles candidatos à reeleição ou apoiadores de aspirantes ao cargo, começam a utilizar esses resultados como bandeiras de campanha, somos levados a questionar a autenticidade dessas narrativas. É tentador para os gestores públicos apresentarem os bons resultados como uma conquista pessoal, um troféu a ser exibido durante os debates e nas propagandas eleitorais. Porém, essa visão é, no mínimo, simplista.
Os verdadeiros responsáveis pelos avanços na educação municipal são os professores, os coordenadores pedagógicos, os diretores de escola e todos os profissionais que estão na linha de frente do processo educativo. São eles que enfrentam os desafios cotidianos, que lidam com as limitações estruturais e orçamentárias e que se dedicam com afinco ao desenvolvimento intelectual e humano das crianças. Quando os resultados são positivos, é a esses profissionais que devemos render os maiores elogios. A eles pertence o mérito das conquistas alcançadas.
Não há como desconsiderar o papel fundamental dos trabalhadores da educação, que têm se mostrado incansáveis na busca pela melhoria contínua. É preciso lembrar que, por muito tempo, as escolas públicas foram alvo de preconceito e descrédito. Muitos pais, temerosos pela qualidade da educação oferecida, preferiam buscar alternativas no setor privado. Hoje essa realidade começa a mudar, e não é sem razão que há cada vez mais confiança na educação municipal. As escolas têm melhorado suas infraestruturas, e o corpo docente tem se qualificado continuamente, em parte graças ao piso nacional do magistério, que trouxe mais estabilidade e atratividade para a carreira.
O que se vê agora é o resultado de um trabalho coletivo e comprometido, mas também é fruto de políticas públicas que, quando bem implementadas, criam as condições necessárias para que esses profissionais possam exercer seu trabalho com excelência. No entanto, não podemos ignorar o tom sensacionalista que permeia muitos dos anúncios feitos por prefeitos e outros gestores públicos. Em tempos de eleição, a dosagem das palavras e a ênfase exagerada nos supostos méritos pessoais muitas vezes beiram o absurdo. A tentativa de colar os resultados das avaliações na imagem de candidatos é desrespeitosa com aqueles que verdadeiramente fizeram a diferença.
É preciso que a sociedade reconheça o valor dos educadores e mantenha um olhar crítico sobre as narrativas que nos são apresentadas. A educação pública de qualidade é um direito de todos e uma obrigação do Estado, mas sua construção diária é obra de muitos, e não de um só. Os gestores têm, sim, um papel importante, mas ele deve ser o de facilitador, criando as condições ideais para que a educação floresça. A verdadeira liderança está em reconhecer o valor do coletivo, em apoiar e fortalecer quem está na linha de frente, e não em se apropriar dos méritos alheios.
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