quarta-feira, 3 de maio de 2023

Salários maiores, crescimento maior

Já sabemos que para uma economia crescer a quantidade produzida de bens e serviços deve aumentar. Também sabemos que para aumentar a quantidade de bens e serviços produzidos é necessário que se tenha demanda. E, por fim, sabemos que para ter demanda as pessoas precisam ter uma renda maior. A partir deste processo de crescimento é que passamos para a busca do desenvolvimento econômico e social.

Pois bem, todos os agentes políticos, pesquisadores, empresários e a população em geral desejam a melhora da qualidade de vida. Mas o que cada um destes está fazendo para contribuir para o crescimento e desenvolvimento? Cada um destes atores pode e deve buscar auxiliar neste processo e podemos destacar como principais os agentes políticos, que coordenam o setor público e, consequentemente, as políticas públicas.

Os pesquisadores podem e devem estudar de forma profunda os processos e fundamentos históricos, teóricos e metodológicos destes processos, identificando as causas do crescimento e desenvolvimento econômico e social de países, estados, regiões e municípios para poder subsidiar a elaboração de políticas públicas.

Já os empresários se constituem no agente transformador, o principal operador do processo produtivo que coordena os fatores produtivos para a obtenção dos bens e serviços. É claro que os trabalhadores são tão importantes quanto os empreendedores, porém coloco estes na condição de população em geral que, além de trabalharem nas empresas, demandam os bens e serviços finais produzidos. A população é o princípio e o fim da atividade econômica.

Para a população consumir mais é preciso ter uma renda maior. O consumo das famílias são responsáveis por cerca de 63% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, relação que pode ser considerada para todos os estados e municípios com algumas variações motivadas por questões regionais. Isto significa que a forma mais fácil e rápida para aumentar o crescimento econômico é através do aumento do consumo das famílias, uma vez que os outros agregados do PIB pela ótica da despesa podem não ser tão fáceis de fomentar.

Daí esbarramos no problema da renda média paga para os trabalhadores. O aumento de R$ 12 no salário mínimo está sendo comemorado pelo governo e por algumas centrais sindicais, criticado pela oposição – com tons de chacota, e colocado como preocupação por alguns segmentos empresariais.

Acontece que o salário médio pago para os trabalhadores brasileiros é muito baixo. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para o primeiro trimestre deste ano apontaram que as contratações paranaenses do período pagaram um salário inicial médio ponderado de R$ 2.072 para uma jornada semanal de 44 horas ou mais. Os municípios de Apucarana e Arapongas pagam salários médios ponderados inferiores à média estadual, R$ 2.044 e R$ 1.946, respectivamente na média ponderada de contratações.

É preciso remunerar melhor os trabalhadores para que suas unidades familiares possam consumir mais, o que fará as vendas de bens e serviços aumentarem. Não é correto afirmar que salários maiores levarão a preços finais dos produtos e serviços maiores, gerando inflação. Há que se considerar um aumento de produtividade que poderá “amortecer” o aumento dos custos.

O problema está posto: temos que aumentar os salários pagos para os trabalhadores. Como fazer isto sem inviabilizar a competitividade das empresas é o debate que deve ser travado por todos. Tergiversar não resolve o problema. Todos perdem. É melhor enfrentar o debate.


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