Não se trata de aceitar que um território é um espaço predefinido, até porque não é. É necessário entender como as forças econômicas interagem e se manifestam nas localidades e evidenciar a importância da colaboração e da cooperação entre os diferentes agentes econômicos. Se não há o espírito colaborativo entre os diversos agentes e áreas não é possível constituir um território e planejar o seu desenvolvimento.
É um debate complexo, pela exigência de conhecimentos técnicos específicos, mas também simples, quando se tem o real desejo de buscar a melhoria contínua da qualidade de vida dos residentes nas áreas que irão constituir o território. Inicialmente é fundamental se ter a compreensão do conceito do que é um território e quais as abordagens metodológicas para se definir, aferir e avaliar o espaço em questão.
Neste sentido o debate sobre a temática de desenvolvimento territorial está sendo potencializado na academia brasileira e destaco o livro publicado no ano passado do professor Jandir Ferrera de Lima, intitulado “Economia Territorial: teoria e indicadores”. Nele estão sintetizados todos os caminhos a serem tomados para a definição e aferição de um território. Na sua obra o autor destaca a questão de que a economia é uma ciência moral e ética e que para se buscar a melhoria da qualidade de vida há que se buscar a justiça social.
Daí temos a necessidade de fazer as devidas reflexões acerca do quanto as práticas dos agentes econômicos locais estão contribuindo (ou não) para se ter a justiça social. Estou me referindo à qualidade das políticas públicas e suas aderências à reais necessidades da população residente. Também tem que se verificar se as empresas locais remuneram adequadamente os seus trabalhadores e mesmo as práticas de consumo das famílias que devem priorizar a efetivação de suas despesas na localidade.
Discutir o território passa, primeiramente, por esta reflexão. Depois é necessário se fazer um diagnóstico acerca das mudanças estruturais vivenciadas e das possíveis trajetórias futuras. Não dá para se discutir para onde iremos se não sabemos de onde viemos. O aspecto histórico e o conhecimento tácito dos residentes são fundamentais. É necessário fazer esta discussão e não ficar focando em fórmulas concebidas de forma genérica. Cada região tem as suas particularidades e estas devem ser consideradas no planejamento do seu desenvolvimento.
Qual é a dinâmica de um território? Sem um estudo profundo e uma equipe de planejamento econômico e social não será possível diagnosticar o estágio do desenvolvimento e muito menos planejá-lo. É necessário o envolvimento das universidades na discussão com a participação massiva de seus pesquisadores. É desejável que os projetos de pesquisa e extensão financiados com recursos públicos foquem estes objetivos.
Não podemos acreditar em receituários padronizados, pois os territórios são distintos. Um começo simples e direto seria a efetivação de um profundo diagnóstico das potencialidades do território seguido da definição da trajetória futura. Os recursos e elementos já temos, basta coloca-los em ação.
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