Não estão errados de querer mais recursos, pois isto pode auxiliar na potencialização do financiamento das políticas públicas, mas o que desperta a curiosidade é saber quais os critérios que fundamentam esta discordância? Alguns prefeitos podem ter levantamentos técnicos robustos para questionar o Censo. Já outros só discordam por discordar.
Quando falamos no crescimento populacional de um município precisamos indagar se este crescimento populacional está sendo acompanhado do respectivo crescimento econômico. Ou melhor: a economia do local tem que crescer mais do que a população. Este é o primeiro passo para se obter melhoria da qualidade de vida.
A segunda condição é o aspecto distributivo, ou seja, esta riqueza que está aumentando está sendo distribuída para a população ou está concentrada numa pequena minoria mais rica? Se isto está acontecendo ocorre uma falsa impressão de que a qualidade de vida está melhorando. Com o crescimento econômico espera-se que se tenham mais empregos, uma vez que as empresas estão produzindo e vendendo mais. Outra questão importante é se os salários que estão sendo pagos no mercado de trabalho garantem um mínimo de subsistência com dignidade. De nada adianta ter empregos, mas estes remunerarem mal.
O que é certo é que muitos municípios, principalmente os de pequeno porte, correm sérios riscos de redução de população com o agravante de que uma boa parte de suas respectivas populações estão envelhecendo. Daí surge a necessidade de que as políticas públicas municipais sejam segmentadas para acompanhar e atender este envelhecimento. Isto pode exigir muito mais recursos do que se imagina.
O Censo do IBGE foi, por várias vezes, não priorizado, mas o que todos devem ter claro é que ele é extremamente importante para auxiliar o planejamento das políticas públicas que ocorre a partir do conjunto de dados coletados, analisados e disponibilizados para a sociedade. Por várias vezes protelaram a sua realização, o que precariza a elaboração e implementação de políticas públicas.
É claro que é importante ter mais recursos financeiros para os municípios, mas mais importante ainda é saber o que fazer com estes recursos. E tão importante quanto é poder conhecer a realidade socioeconômica dos municípios para tentar resolver os seus gargalos. Afinal de contas esta é a razão da existência dos gestores públicos.
Mais importante do que questionar uma possível redução populacional dos municípios é saber quais as razões desta redução. Fato é que a população brasileira e, consequentemente, de estados e municípios irá começar a reduzir. As projeções apontam para esta redução nos próximos trinta anos e muitos municípios já estão sofrendo esta redução com muita antecedência. E o que os gestores irão fazer? Só questionar e reclamar?
Primeiramente tem que se pensar na qualidade de vida da população residente e na eficiência das políticas públicas para garantir esta condição aos habitantes, independentemente de sua quantidade. Afinal de contas esta é a obrigação dos gestores públicos.
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