Quando temos um vínculo afetivo ou profissional com o local desejamos que a qualidade de vida melhore de forma constante e que possamos ver, sentir e medir esta melhora. Para isto, há a necessidade de que os dados e as informações sejam simétricas, perfeitas e transparentes, o que muitas vezes não acontece.
É comum ouvirmos falar em possíveis ações para melhoria da qualidade de vida de uma cidade, região ou território com uma frequência de dois em dois anos. Sabem por quê? Porque temos eleições de dois em dois anos e os candidatos, locais e paraquedistas, surgem com promessas de que irão melhorar a situação se confiarmos nossos votos para eles. As eleições passam, alguns destes candidatos se elegem e desaparecem até a próxima campanha eleitoral. Muitas pessoas irão concordar com isto. Muitas pessoas irão criticar esta posição. Mas é isto que penso e acredito ser a realidade.
Há alguns anos conheci uma experiência inovadora que ocorreu no estado do Rio Grande do Sul: os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes). O professor Dinizar Becker veio apresentá-la e, de certa forma, inspirou o surgimento de diversas discussões acerca do desenvolvimento. Porém, muitas destas discussões sempre foram maculadas pelos agentes políticos locais que transformavam as ações coletivas em ações “chapa-branca”.
Tenho insistido na necessidade dos municípios ou das associações de municípios ou mesmo uma organização sob a responsabilidade do governo estadual gerar dados estatísticos desagregados para viabilizar a análise regional. Quando falamos em análise regional estamos tratando de um assunto de grande relevância para o planejamento da melhoria da qualidade de vida de uma região ou território. É preciso conhecer a região para saber se uma região deve investir nas pessoas ou no lugar.
É como a velha discussão de se atrair uma grande empresa para a cidade. Vale a pena? O que as empresas buscam quando decidem montar uma filial ou mesmo mudar para outro local? Não é somente incentivos fiscais, é muito mais que isto. E não podemos ser ingênuos ao ponto de pensar que a empresa se instala em determinado local somente por causa da “cor dos olhos” de algum político ou para ajudar a cidade a crescer e desenvolver. Elas querem lucrar mais.
Se tivermos uma entidade que produza os dados e análises regionais o planejamento das políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida se torna mais fácil. Melhor ainda se tivermos um setor ou instituição de planejamento socioeconômico. Com isto podemos ter dados para efetuar a análise da região e propor políticas para mudar a realidade existente. Os políticos vivem prometendo o desenvolvimento. Só que para desenvolver é preciso mudar a realidade existente e esta mudança somente ocorre se a conhecemos.
Conhecemos a nossa realidade? Nossos políticos conhecem a nossa realidade? Quem está estudando e analisando os dados de nossa região? E para fazer estes estudos e análises é necessária uma equipe multidisciplinar, pois sem a devida qualificação os resultados podem se tornar enviesados e inúteis. Vamos repetindo o mantra e torcendo para que os políticos decidam que isto é importante para eles também.
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