Entretanto, as coisas não são tão simples uma vez que que estamos saindo de três grandes crises econômicas nos últimos quinze anos: a crise financeira internacional (governo Lula), a crise fiscal brasileira (governo Dilma) e a crise da pandemia da Covid-19 (governo Bolsonaro). Se não bastassem estas crises tivemos diversos erros de concepção e gestão das políticas econômicas, o que atrasou muito as recuperações.
De forma direta e objetiva temos que a inflação e o crescimento econômico são variáveis fundamentais para o bom desempenho de curto prazo de uma economia. Se formos avaliar o que cada presidente entregou para o seu sucessor teremos um exercício longo para dispor neste espaço. Vamos nos ater somente ao que tivemos nos últimos quatro anos e o que poderemos ter nos próximos quatro.
A projeção da inflação acumulada no período de 2019 a 2022 é de 26,72% para o índice geral e de 56,18% para a alimentação no domicílio. As expectativas para os próximos quatro anos, sem a influência de decisões de política econômica do próximo governo, é de 15,79% para o índice geral e de 15,97% para a alimentação no domicílio. Pode até parecer que é pouco, porém tudo dependerá da competência do próximo governo em manter estes níveis ou mesmo reduzi-los.
Quanto ao crescimento econômico o acumulado de 2019 a 2022 deve ficar em torno de 5,92%, muito próximo da expectativa para o período de 2023 a 2026, que é de 6,16%. Cabe destacar que uma renda real maior irá depender dos índices de inflação e a geração de emprego dependerá do nível de atividade econômica. Isto deixa evidente que as expectativas não são nada boas. Precisamos de indicadores melhores.
Há questões nevrálgicas a serem consideradas nas ações do próximo governo. Destaco duas delas: os motores do crescimento e a questão fiscal. Nas aulas de introdução à macroeconomia é explicado que são o consumo das famílias, o investimento privado, os gastos governamentais e as exportações líquidas que impulsionam o crescimento da economia.
Já nas aulas introdutórias de economia do setor público é ensinado que as despesas públicas são financiadas com arrecadação de impostos, endividamento ou emissão monetária. Também é ensinado que um aumento do endividamento num dado ano, para aumentar os gastos e impulsionar a economia, terá como resultado a redução dos gastos num futuro próximo para pagar a dívida feita. Neste caso, o crescimento no presente pode implicar numa recessão no futuro.
No caso dos outros motores do crescimento temos que as famílias não estão tendo margem para aumentar seus gastos porque a renda real está caindo por conta da inflação elevada, o investimento privado será moderado porque para manter a rolagem da dívida o governo terá que manter os juros elevados e isto inibe o investimento e as exportações líquidas dependerão da taxa de câmbio e dos juros internos, o que também não estão muito favoráveis.
É evidente que o próximo governo terá uma tarefa hercúlea pela frente, tanto na área econômica quanto na social. Isto se considerarmos que serão eficientes e responsáveis.
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