quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

O planejamento necessário

O IBGE está finalizando as coletas de dados para o censo demográfico de 2022. Este levantamento é fundamental para a sociedade porque os seus resultados auxiliam na avaliação das políticas públicas e subsidiam o ajuste destas políticas, bem como a elaboração de novas políticas.

Além do total da população por município também teremos uma amostra qualitativa e muitas informações para os gestores públicos planejarem suas ações. É isto mesmo, planejar, atividade que, de forma cética, duvido que muitos prefeitos o fazem por este Brasil afora.

Não podemos valorizar somente os dados quantitativos que muitos políticos fazem questão de exaltar. O crescimento da população de um município tem que ser acompanhado do crescimento dos equipamentos públicos para atender uma população maior. Também tem que se ter uma ampliação do atendimento quantitativo e qualitativo do sistema de saúde, de educação e de segurança pública. A questão não é só querer ter mais pessoas, mais eleitores, mas de garantir a melhoria da qualidade de vida, que fica mais difícil e mais dispendioso quando a população aumenta.

Quando a população de uma cidade aumenta, também tem que aumentar a oferta de empregos e, consequentemente, a riqueza gerada no município tem que aumentar em termos reais. Aumentar a população e manter (ou diminuir) a riqueza relativa real fará com que a qualidade de vida piore. Por isto as pesquisas estatísticas são importantes. Precisamos conhecer nossa região, nosso território, nosso município, para saber do que precisamos.

Uma ausência evidente na estrutura das prefeituras é a de um setor de planejamento econômico e social. Algumas possuem setores de planejamento urbano, o que é importante e necessário. Mas o planejamento econômico e social é tão importante quanto.

Numa análise simples da dinâmica da população é possível direcionar, de forma mais eficiente, as políticas públicas para se obter mais eficácia e eficiência. Por exemplo: a população brasileira apresentou um crescimento médio anual de 1,2%, nos últimos dezoito anos. No mesmo período a população paranaense cresceu 1% ao ano. Já a população do Vale do Ivaí cresceu, 0,4% ao ano. Isto é bom ou ruim? Pois bem, depende.

A economia da região está crescendo em termos reais? Estamos gerando empregos com salários reais melhores? Os municípios possuem uma estrutura adequada de saúde, educação e segurança? A população está envelhecendo? A taxa de mortalidade está caindo? São muitas questões a serem analisadas para poder afirmar se o crescimento populacional é bom ou ruim.

Dependendo das respostas a estas e outras questões e dos dados estatísticos reais as políticas públicas devem ser concebidas de forma diferente. Por isto, é necessário que as prefeituras tenham um setor de planejamento econômico e social com equipe multidisciplinar. Além de economistas teriam que ter estatísticos, assistentes sociais, sociólogos e administradores analisando estes dados e auxiliando na elaboração de estudos específicos para os municípios ou mesmo para a região.

A população do Vale do Ivaí está crescendo, pouco, mas está crescendo. Já a natalidade da região está tendo uma evolução negativa de 2,1% ao ano e os óbitos gerais estão crescendo 1,5% ao ano. As políticas públicas não podem ser as mesmas. Dependendo da condição do município muito recurso público poderia ser melhor aplicado a partir de análises simples dos dados estatísticos existentes. Nunca é tarde. Tomara que comecem logo a se preocupar com o planejamento econômico e social de forma técnica.

 

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