quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Mais uma pedrada

As análises e debates técnicos sobre economia e política em nosso país estão acirrando os ânimos dos seguidores de grupos políticos. Quando é feito um comentário crítico a alguma ação ou mesmo sobre a omissão ou permissividade do governo membros do séquito começam os ataques nas redes sociais e grupos de mensagens instantâneas.

Os ataquem variam de alguns poucos comentários respeitosos e gradam os mais intolerantes. A agressividade é extrema e todos os limites da civilidade se perdem, não importando gênero, raça, idade, amizade ou mesmo o grau de parentesco dos envolvidos. A reação acaba sempre sendo desproporcional ao da ação.

O que as pessoas precisam entender é que vivemos num país democrático onde as opiniões podem divergir, mas devem ser respeitadas. Também é necessário compreender que as críticas sempre ocorrerão aos mandatários políticos quando a conjuntura econômica e social não estiver indo muito bem, afinal de contas eles estão no poder para resolver os problemas e se não resolvem serão cobrados.

Todos que se encontram em cargos eletivos ou em função técnica podem ser comparados a “vidraças” que as pessoas poderão criticar, assumindo o papel de “pedras”. Não tem como evitar isto. O que as “vidraças” podem fazer para suportar as “pedradas” é pautar suas ações com boas intenções em favor do conjunto da sociedade. Mesmo assim poderão ser criticados.

Já os críticos devem pautar seus comentários em trabalhos assinados (não apócrifos) se manifestando do ponto de vista doutrinário ou acerca da organização da execução das atribuições do criticado. O crítico deve ser responsável e fundamentar suas análises e, se possível, efetuar proposituras para a solução do tema objeto da divergência e crítica.

Para se criticar ou defender algum tema ou ação o agente em questão deve ter conhecimento teórico e prático sobre o assunto e não se escorar em achismos ou emprestar argumentos de outras pessoas. Deve conseguir sustentar os seus argumentos, fazê-los ficar em pé. Se não entender de medicina, não critique e não defenda. Pode se preocupar, questionar por conta da ignorância sobre o assunto, mas para criticar ou defender tem que ter conhecimento.

O mesmo procedimento deve ser aplicado a outras áreas do conhecimento, pois tudo isto sempre se resume aos conhecimentos teóricos, técnicos ou empíricos, nunca através do achismo ou da prática reprodutora de argumentos de terceiros.

Lembremo-nos do provérbio chinês que diz que “é muito fácil ser pedra, o difícil é ser vidraça”. Sim é mais fácil ser “pedra” do que ser “vidraça”, porém em ambas as situações deve-se ter conhecimento do assunto. Não basta ser bonito, simpático e ter boas intenções, tem que saber o que se propõem a fazer.

Há três anos comentei neste espaço que “não devemos ser “pedra” somente criticando por criticar. Temos que observar os eventos que ocorrem na administração pública e apontar o que não está indo bem, porém com a responsabilidade de propor alternativas e soluções”. Pois bem, esta afirmação continua atual: podemos ser críticos, mas com a devida responsabilidade e fundamentação em nossas análises.

Estamos vivenciando uma crise econômica causada pela pandemia. Porém, no Brasil a crise está agravada por conta da inércia do governo em tomar as medidas de políticas econômicas necessárias. E as alternativas? Começar pelas reformas prometidas no período eleitoral e que até agora não avançaram como deveriam e pelo compromisso de manutenção do fiel cumprimento do teto de gastos sem a busca de soluções de excepcionalização.


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