Na teoria econômica os modelos
de crescimento econômico consideram a educação como sendo uma variável
importante para se obter o crescimento e, consequentemente, o desenvolvimento.
É fato que muitos estudos já apresentaram resultados que relacionam as maiores
remunerações do mercado de trabalho a um maior tempo de estudo. Mas não é
somente a quantidade de anos de estudo que importa, a qualidade da educação é
fundamental para proporcionar um crescimento econômico mais sustentável.
O crescimento se refere
basicamente ao comportamento da produção de bens e serviços. A educação como
elemento estrutural entra na melhoria da qualidade de vida e compõem os estudos
de desenvolvimento econômico. Para se desenvolver temos que ter crescimento
econômico e para isto temos que ter uma educação de qualidade que garanta a
devida qualificação das pessoas que atuarão na economia.
Em países onde a educação não
atinge índices elevados de qualidade temos que: a geração de riqueza ocorre de
forma mais lenta, há acumulação de capital entre os mais ricos e a qualidade de
vida da maioria da população não é muito boa. Somente a educação de qualidade é
que pode reverter estas situações.
Estamos há mais de quatorze
meses com ensino no formato remoto. Este formato está sendo utilizado para substituir
o ensino que não está ocorrendo presencialmente por causa da pandemia. Mas o
que vemos, em boa parte dos casos, é a aplicação de uma educação a distância
(EAD) e não de ensino remoto. No ensino remoto são utilizadas metodologias,
interações e estratégias de ensino que tentam garantir a efetividade do
aprendizado. Vai muito mais além do que somente disponibilizar os conteúdos.
Para termos aproveitamento
efetivo da educação neste período de pandemia muitas tecnologias deveriam ser
utilizadas desde o início acompanhado de capacitação dos educadores para lidar
com estas tecnologias e termos a segurança que na outra ponta, a dos alunos,
também se tenham condições de acompanhar as aulas com padrões mínimos de
qualidade. Mas o que estamos presenciando não é bem isto. Os trabalhadores da
educação estão sendo exigidos para além do que foram preparados e os alunos
sofrendo com a falta de estrutura para o ensino.
Um estudo realizado pelo
Instituto Datafolha encomendado pela Fundação Lemann, Itaú Social e Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) apontaram para esta precariedade no
ensino. Ele aponta que 40% dos alunos da educação básica não estão evoluindo
nos estudos e podem abandonar os estudos. Na região Sul este índice é de 31%.
Cerca de 3% das crianças e
adolescentes entre 6 e 18 anos já estão fora da escola. Este percentual
representa cerca de 1 milhão de pessoas que se encontram fora da escola. E as
razões são diversas, desde falta de acesso à internet até falta de recursos
financeiros.
Os prejuízos para a formação
de nossos jovens são óbvios e refletirão em prejuízos para o crescimento
econômico de médio prazo e numa demora bem mais longa para avançarmos na melhoria
da qualidade de vida da população. Nossos agentes políticos não discutiram o
processo educacional no período da pandemia. Resta torcer para que comecem e
discutir como estes prejuízos poderão ser minimizados. Porque prejuízos teremos.
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