A expectativa mediana para o
crescimento econômico de 2021 é de 5%, mas se não tivermos intercorrências o crescimento
efetivo poderá ser ainda maior. Para isto acontecer é necessária a tal da
coordenação que não pode apostar em medidas populistas, que é justamente o que
estamos vendo se desenhando no cenário político brasileiro.
O presidente anunciou que o
valor a ser pago aos beneficiários do programa Bolsa Família será de R$ 300,
contra os atuais R$ 190. A justificativa de que o aumento do valor é necessário
porque os preços dos alimentos subiram muito nos últimos meses é justa e
correta. Isto não teria problema se o governo federal não estivesse passando
por um período de extrema dificuldade na questão fiscal, o que faz com se
pergunte: como o governo federal irá financiar este aumento de despesas?
Esta medida é considerada por
muitas pessoas como sendo populista pelo fato de que no próximo ano teremos
eleições presidenciais. É populista, mas é necessária. Na mesma linha populista
o presidente está pretendendo conceder reajuste salarial para o funcionalismo
público federal de 5%. Também é necessário, mas a pergunta é a mesma: com que
dinheiro? Pois bem, o governo terá que arrecadar mais ou se endividar mais para
financiar o aumento das despesas?
Segundo a regra do teto dos
gastos a inflação que estamos tendo nos últimos meses será utilizada para
corrigir os gastos do ano de 2021 e como ela está elevadíssima deverá abrir um
espaço fiscal em torno de R$ 120 bilhões para o aumento dos gastos em 2022.
Isto não significa que terá o dinheiro, mas que poderá gastar e é isto que
interessa para o governo nesta altura do “campeonato”.
Outra questão que o presidente
está encomendando é a revisão da faixa de isenção do imposto de renda para R$
2,5 mil. Atualmente é de R$ 1,9 mil e a equipe econômica já considerava
aumentar para R$ 2,4 mil. Outra medida necessária, mas que implica em menos
receita. Como resultado da combinação destas ações de aumento de despesas e
redução de receitas temos que o governo ampliará o déficit para o ano de 2022 e
o risco país poderá aumentar, exigindo o aumento dos juros e colocando em risco
outros fundamentos da economia.
E para piorar o cenário
estamos com uma expectativa de inflação elevada que corroerá o salário dos
trabalhadores aumentando as restrições orçamentárias e o desemprego se manterá
elevado, pois a retomada da atividade econômica não dará conta de reempregar todos
aqueles que perderam seus empregos nos últimos anos.
Os desafios são muitos para a
equipe econômica e as decisões devem ser tomadas com muita responsabilidade. O
grande problema é que teremos eleições novamente e, com isto, os políticos
praticarão o ciclo político tradicional visando a maximização dos votos através
da manipulação da política econômica. Isto não é nada bom para nossa economia,
mas se depender dos políticos as soluções dos problemas da população ficam para
depois, agora é hora de resolver os deles. O povo sempre tem que esperar.
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