Muitas empresas,
principalmente no setor de serviços, já perceberam isto e a capacidade
empreendedora dos diversos segmentos do setor já estão se adequando a uma
realidade diferente do habitual que envolve menos custos fixos e mais atenção
com o método de atendimento de seus clientes. Com isto a fidelização está mais
evidente e as possibilidades de crescimento das empresas se potencializaram.
Mudanças comportamentais
também deverão ocorrer em diversos segmentos do comércio e da indústria. Mas, e
o setor público? Também teremos mudanças nas ações e comportamentos do setor
público? Acredito que haverá mudanças, sim. Em alguns casos pela própria
dinâmica e vanguarda de gestões eficientes e inovadoras. Em outros, pela
necessidade imposta pela sociedade, ou seja, de fora para dentro. Já alguns não
precisarão ou não terão movimentos nem de dentro e nem de fora que provoquem as
mudanças necessárias.
Já faz alguns anos que o setor
público brasileiro está sofrendo com a distinção da velocidade de crescimento
entre suas despesas e suas receitas. A primeira cresceu numa velocidade média
mais vigorosa. Com isto, o comprometimento do orçamento público aflora e
transforma boa parte (ou a maioria) das despesas de custeio da máquina pública em
obrigatórias. Quando isto acontece a sociedade sente uma redução da ação das
políticas públicas.
No ano de 2020 as receitas
públicas ocorreram, porém não como planejado pela maioria, e as despesas também
ocorreram e até foram bem maiores do que o planejado por conta da pandemia. É
claro que estes eventos geraram custos para os próximos anos: a manutenção da
condição de déficit primário e o aumento do estoque da dívida. E ainda há a
possibilidade de ocorrerem mais déficits e a continuidade do aumento da dívida
pública projetada com a tendência de aumento dos gastos públicos que está sendo
sinalizado pelos agentes políticos brasileiros.
A manutenção do auxílio
emergencial é necessária. Talvez até seja necessário aumentar as linhas de
auxílio emergencial, uma vez que a retomada do crescimento da economia está
sendo protelada pela lentidão no processo de vacinação. O aumento da dívida por
conta disto é plenamente aceitável. Sei que muitas pessoas discordam disto,
assim como muitos discordam do Bolsa Família, porém a situação de
empobrecimento e da fome é explícita. Só não enxerga quem não quer.
Há muitas ações entre amigos e
entidades buscando arrecadar recursos para adquirir e distribuir cestas
básicas. Atitudes louváveis, porém, é necessário que o poder público passe a se
preocupar e se ocupar com esta atividade e até ir além disto. Prefeituras e
governos estaduais, além do governo federal, devem criar programas de renda
mínima para socorrer os seus cidadãos menos afortunados que estão sofrendo com
a crise econômica atual. Também devem criar auxílios para as micro e pequenas
empresas e profissionais liberais e ambulantes. Além, é claro, de distribuir
cestas básicas para as famílias mais necessitadas, que são muitas. Todos estão
sofrendo com a crise atual.
Estas ações não são favores,
nem devem ter a perspectiva de transformar políticos em mitos ou heróis. É,
simplesmente, o objetivo e a razão da existência do papel ativo do setor
público na economia.
Excelente artigo. Deveria ser lido pelos empresários e por gestores públicos.
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