Segundo o IBGE, o país terá mais uma safra recorde de soja e continuará figurando como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, bem como manterá sua posição de “player” global como um dos maiores exportadores de commodities. É, sem dúvidas, uma notícia muito boa diante de tantos eventos adversos nos últimos anos.
A produção estimada de cereais, leguminosas e oleaginosas terá um crescimento de 3,5% em relação a safra de 2020, com destaques para a relativa estabilidade na produção de arroz, um crescimento de 2,2% na produção de feijão, 8,2% na produção de trigo e um aumento de 7,3% na produção de soja, esta última representando quase 50% do volume do segmento.
Com nosso país sendo um dos
maiores produtores de alimentos do mundo seria quase que lógico e normal
afirmar que não temos problemas de fome e miséria, mas temos. Somos um país
rico, que produz muito e com um dos maiores PIB’s do planeta, porém também
temos uma das piores distribuição de renda, o que deixa evidente as diferenças
sociais. Em momentos de crise econômica, como a que estamos vivenciando no
momento, se expõem a grande vulnerabilidade social a que grande parcela de
nossa sociedade está submetida.
Produzimos muitos alimentos,
mas temos muitas famílias que estão passando fome. Agora não tanto pela
diferença distributiva, mas pela queda do nível de atividade econômica e
redução de renda. Muitos trabalhadores informais, como as boleiras, vendedores
ambulantes, roçadores de terrenos, dentre outros, não estão conseguindo
trabalhar por conta da crise e das medidas de distanciamento social impostas para
tentar conter a contaminação da Covid-19.
A situação da fome está tão
grave que foi destaque jornalístico na TV, no programa Domingo Espetacular,
onde o repórter Roberto Cabrini apresentou matéria demonstrando o aumento da
miséria nas duas maiores comunidades da cidade de São Paulo: Heliópolis e
Paraisópolis. O cenário apresentado tem como causa o aumento do desemprego, a
falta de operação dos trabalhadores informais e o fechamento de muitas empresas
comerciais.
A situação apresentada na
reportagem é uma amostra do que acontece em todo o país, com maior intensidade
nos grandes centros, mas presente em todos os cantos do nosso país. Por conta
disto, entidades, associações, igrejas e grupos de amigos sempre buscaram
socorrer os mais necessitados com a distribuição de marmitas e cestas básicas.
Só que o volume de pessoas necessitadas aumentou tanto que os que se dispõem a
ajudar não conseguem atender a todos. Sem falar que muitas das pessoas que
antes ajudavam agora estão do outro lado, necessitando de ajuda.
Neste contexto entra o setor
público para buscar atender estas demandas sociais através de políticas
públicas de auxílio financeiro e material, de fornecimento de alimentação
pronta na forma de marmitas, distribuição de cestas básicas e até mesmo em
pecúnia.
E tal prática não
pode se limitar somente ao governo federal. Os governos estaduais e os
municipais também podem e devem participar com ações na mesma linha. O governo
do estado do Paraná fez uma ação no início da pandemia, mas parou. Alguns
municípios distribuíram cestas básicas, mas também cessaram. Coragem teve o
prefeito de Maringá (PR), Ulisses Maia, que está propondo auxílios financeiros emergenciais
com recursos do município. Esta boa (e humana) prática é dever do agente público
e deve ser copiada pelos demais prefeitos e pelos governadores para amenizar a
condição de penúria que acomete grande parte dos brasileiros. Agora é hora de
ajudar.
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