É o popular “toma lá, dá cá”
que sempre foi rechaçado por Bolsonaro e que agora se escancarou de vez que ele
nunca pretendeu cumprir com tal promessa de campanha. É claro que não havia
outra alternativa para garantir o apoio no Congresso Nacional, uma vez que
sempre se negou a atender as demandas da maioria dos parlamentares.
Demorou muito para que o
governo percebesse que não conseguiria a tão necessária governabilidade sem o
apoio estratégico dos parlamentares e agora que esta questão está quase que
resolvida o governo tem que assumir uma agenda real de reformas estruturais
para garantir o equilíbrio fiscal e a perenidade do financiamento adequado das
políticas sociais que a população necessita, em especial os mais pobres.
Está posto que o governo deve
assumir a agenda porque este governo não possui uma agenda para o Brasil.
Possui narrativas e pequenas ações específicas que atendem ao seu séquito. E
não adianta os seguidores terem seus faniquitos porque é isto mesmo, o governo
não possui uma agenda. E muito menos uma agenda de reformas estruturais, sem as
quais as finanças públicas irão se deteriorar, podendo chegar a colapsar.
Isto mesmo, a situação das
finanças do governo federal é muito grave e isto está ocorrendo com muitos estados
da federação e as finanças de muitos municípios já começam a dar sinais de que
estão muito próximos de se desequilibrarem. Estes eventos reais e os possíveis
não é culpa dos atuais gestores, pois trata-se de um processo histórico de
concessões de benesses para diversos atores, ausência de critérios de
produtividade no setor público, aplicação de recursos em áreas, obras ou ações
que não são prioridade para a maioria da população e assim por diante.
Com efeito, o setor público se
tornou ineficiente pelo simples fato de que muitas ações “travaram” as despesas
em áreas que não são prioritárias ou mesmo pelo simples fato de se atender
demandas de pequenos grupos de interesse em detrimento do conjunto da
sociedade.
Há um comprometimento muito
grande dos orçamentos da União, dos estados e dos municípios com a folha de
pagamento e encargos sociais como resultado de um processo histórico. Porém, é
muito comum a população reclamar de falta de pessoal para atendimento nos
setores da saúde, educação e segurança pública. Isto pode ser contraditório,
mas é o que aconteceu em muitos locais: contratações realizadas sem o devido
planejamento estratégico que inchou setores que não possuem a devida
necessidade de pessoal e a falta de contratação em outras.
Por isto é que temos demandas
reprimidas pelos serviços públicos de saúde, educação e segurança, porque o
setor público não possui margem orçamentária para efetuar as contratações
necessárias e quem “paga o pato” é a população. Daí a necessidade de o governo
federal precisar de apoio no Congresso Nacional, para aprovar as reformas
estruturantes, em especial a reforma administrativa. Resta saber se o
presidente quer. Caso contrário, continuaremos com tudo sempre igual.
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