Sempre quando a oferta é maior
do que a demanda dizemos que o mercado está operando com excesso de oferta e há
uma tendência aos preços baixarem até que os consumidores aceitem a consumir
toda a quantidade ofertada. Já quando o mercado opera com excesso de demanda,
ou seja, quando a quantidade demandada é maior do que a ofertada, o mercado
está com excesso de demanda e os preços são pressionados para cima.
Pudemos observar estes eventos
recentemente no mercado de commodities onde ações ocorridas no mundo fizeram
com que tivéssemos menos arroz, soja, milho e feijão no mercado nacional e, com
isto, os preços destes produtos dispararam. Há produtos que tiveram os seus
preços dobrados e isto pressionou o custo de vida dos brasileiros, em especial
dos mais pobres.
Com a pandemia da Covid-19
ocorreram diversos eventos de distanciamento e isolamento social que levaram
muitas atividades econômicas a atuarem com capacidade reduzida. Com efeito,
muitos produtos tiveram sua oferta reduzida o que ocasionou, em muitos casos, o
aumento de seus preços no mercado. Um exemplo prático do que ocorreu e que
ainda está repercutindo nos preços está no mercado de veículos novos e usados.
Com a crise que se iniciou em
2020 a produção de veículos novos foi diretamente impactada e o volume de
produção caiu, na média, 31,6%. No caso específico de automóveis a queda na
produção foi de 34,3%, segundo dados da associação dos fabricantes, a Anfavea.
Já a queda na produção de motocicletas, considerando os dados disponíveis até
novembro de 2020, foi de 19,8%, segundo dados da associação dos fabricantes, a
Abraciclo.
Esta redução na quantidade
produzida não foi acompanhada de reduções na demanda, embora estivéssemos num
ano de crise. Com isto, os consumidores que não conseguiam comprar veículos e
motos novas buscaram alternativas no mercado de seminovos gerando um aumento da
demanda média do setor e, consequentemente, um aumento dos preços médios destes
produtos.
Embora se tenha uma pesquisa
mensal que apresenta os preços médios de veículos e motos, a conhecida “Tabela
FIPE”, os vendedores não se fizeram de rogados e elevaram os preços de forma
vigorosa, fazendo com que os sobrepreços com base na referida tabela chegassem
a atingir a 50%. Isto está para além dos dispositivos da lei da oferta e
procura, até porque existem as mercadorias para venda. O que se verifica é a
prática dos vendedores de buscarem ganhos extraordinários sobre os compradores.
Isto fica demonstrado pelo
fato de que quando os revendedores buscam avaliar os veículos e motos das
pessoas eles tomam como base a dita “tabela” e oferecem valores equivalentes a
80% dela para revender com sobrepreço muito superior a “tabela”. Poderia ser
considerado até um abuso, porém não é ilegal. Podemos considerar como sendo uma
pedra no caminho de quem fez uma poupança para trocar ou comprar um carro ou
uma moto.
O que os compradores deveriam
fazer é colocar uma pedra no caminho dos vendedores e não comprar por preços
acima da tabela, pois logo o mercado de novos voltará a operar com plena
capacidade e os preços dos seminovos sofrerão menos pressão de alta.
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