Sempre o principal agente a
anunciar medidas e soluções para os problemas econômicos é o ministro da
Fazenda (atual ministro da Economia). Quando este personagem começa a não ter
as soluções é comum outros agentes surgirem para comentar as questões de
conjuntura econômica. Isto já aconteceu inúmeras vezes quando o ministro da
Fazenda deixa o protagonismo, que passa a ser exercido pelo presidente do Banco
Central ou mesmo outro ministro de estado.
O ministro Paulo Guedes está
vivenciando este. Suas aparições começaram a não trazer muita confiança para os
agentes políticos e para o mercado. Este desgaste é motivado pela incapacidade
do governo de controlar a escalada dos preços que já começa a incomodar as
classes mais pobres do país. De janeiro a outubro deste ano a inflação
acumulada, medida pelo IPCA, está baixa, 2,22%, porém o grupo de alimentação e
bebidas teve um aumento de 9,37%. Isto faz com que os mais pobres e os
assalariados, que tiveram reajustes salariais limitados aos índices gerais de
inflação, perderem poder de compra, perder qualidade de vida, pelo simples fato
de acessarem quantidades menores destes produtos essenciais.
O subgrupo de alimentação no
domicílio ficou maior para o período, 11,97%. E as perspectivas não são nada
boas. Os preços da soja, milho, trigo e carnes tendem a se manterem em alta o
que indica que a alimentação continuará pressionando os brasileiros
assalariados e para os mais pobres.
Com o mesmo comportamento
temos o IGP-M com um acumulado de 18,1% de janeiro a outubro e com expectativa
de fechar o ano com um acumulado de 23,6%. Este indicador não é utilizado para
corrigir salários e nem benefícios pagos pelo governo. Ele é utilizado para
efetuar ajustes anuais em contratos de aluguel e outros contratos como energia
elétrica, telefonia, seguros e planos de saúde. Mais um motivo de preocupação
para os assalariados e, neste caso, também para a classe média.
O mostro da inflação está de
volta de uma forma disfarçada, uma vez que não é o índice geral que preocupa,
mas o índice apurado para o grupo de alimentos e bebidas. No acumulado geral a
expectativa é que a inflação acumulada, medida pelo IPCA, fique em 3,54%, o
menor desde 2017. Porém, os preços dos alimentos preocupam e soma-se a esta
preocupação a incapacidade que o governo tem de estender o pagamento do auxílio
emergencial com a mesma intensidade que em 2020 e o aumento do desemprego com
uma retomada tímida da atividade econômica.
O governo federal está diante
de uma situação conjuntural adversa e precisa de soluções imediatas para salvar
o que resta da popularidade do presidente. Sem medidas efetivas para a retomada
do crescimento da economia as contas públicas continuarão deficitárias e devem
retomar ao equilíbrio somente em 2030, ou seja, passaremos todo o governo
Bolsonaro e os próximos dois mandatos com déficit primário e sem perspectivas
para melhora na economia a partir de ações estruturantes do governo federal.
Muitos governistas e
defensores do presidente podem achar que as coisas estão boas, só que não
estão. Resta saber o que os nossos agentes políticos estão pensando como
soluções efetivas para estes problemas.
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