Por mais que os governantes
tentem transmitir que a situação está sob controle, se analisarmos pela perspectiva
dos cidadãos comuns, temos a convicção de que isto não é totalmente verdade. O
governo federal não terá superávit primário até o ano de 2030, o que implica
que terá que financiar boa parte de suas ações e isto gerará aumento de taxa de
juros, aumento de inflação, baixo crescimento e a manutenção do desemprego em
níveis elevados.
Muitos governos estaduais
terão receitas suficientes para manter a folha de pagamento do funcionalismo e
as despesas vinculadas com saúde e educação sem novos investimentos e podemos
considerar que a mesma situação deverá ocorrer com a maioria das finanças
públicas municipais.
Neste contexto de caos fiscal
é necessário que se busquem alternativas para racionalizar as despesas, melhorando
a qualidade do gasto público de forma geral. Em 2020 teremos uma inflação acima
da meta estabelecida pelas autoridades econômicas e para os próximos quatro
anos ela deve se manter acima dos 3%. Já o crescimento econômico ficará na
média dos 2,5% nos próximos quatro anos, após uma queda de cerca de 4,4% em
2020.
Isto significa que as taxas de
crescimento dos próximos anos serão em cima de uma base reduzida por conta da
crise de 2020 e a base tributária não crescerá em termos reais, fazendo com que
a arrecadação do setor público também não cresça. Isto acontecerá com o governo
federal, com os governos estaduais e com os municipais. Portanto, os agentes
políticos que prometeram prosperidade acima do normal a partir de 2021 não
conseguirão cumprir.
As despesas aumentarão por
conta da inflação e as receitas não, isto significa que o setor público,
mantendo a média de eficiência (ou ineficiência) dos seus gastos, entregará
menos serviços e bens públicos para a sociedade. A qualidade de vida da
sociedade deverá piorar, principalmente para os mais pobres, que dependem das
ações dos governos.
Neste contexto, além da
competência das equipes técnicas dos poderes executivos a sociedade também
necessitará do efetivo trabalho dos poderes legislativos. Senado Federal,
Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras de vereadores terão
uma importância cada vez maior para tentar garantir a proteção da sociedade.
Em 2020, os brasileiros
elegeram mais de 58 mil vereadores que passarão a exercer suas funções no meio
da tentativa de retomada do crescimento econômico e no auge da crise fiscal de
todo o setor público. Neste contexto a importância do papel dos vereadores se
potencializa. Entretanto, os eleitos devem se atentar para a tentativa de
cumprimento das funções típicas dos vereadores, uma vez que é muito comum eles
se concentrarem em funções que nem são do legislativo.
As funções típicas dos
vereadores são legislar e fiscalizar. Podem fazer mais. Podem fazer
requerimentos e indicações para o executivo, porém o que a sociedade precisa é
que eles priorizem suas funções típicas. A inércia política é danosa para a
sociedade e ela não pode acontecer. Os próximos anos serão muito difíceis e a
sociedade irá precisar de um setor público racional e eficiente. E isto somente
ocorrerá com o apoio do legislativo.
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