A pandemia mudou a vida de
praticamente todo o mundo. Distanciamento e isolamento social, reuniões e aulas
à distância, até mesmo consultas médicas ocorreram de forma remota. Fala-se em
um novo normal, mas não temos a dimensão se já chegamos no final da
transformação e, pelo que tudo indica, não chegamos, mesmo.
Para os governos o que
interessa neste momento é fechar as contas de 2020 e começar a planejar o ano
de 2021 sabendo que continuaremos enfrentando o Coronavírus ao longo de todo o
ano que se iniciará. Mesmo com a promessa de vacinas eficazes as coisas não se
amenizarão pelo simples fato de que não se produzirá em quantidades suficientes
para uma vacinação em massa de toda a população mundial.
Por conta disto, os governos
ainda deverão se manter vigilantes no combate à pandemia e deverão
potencializar as suas ações de prevenção e de auxílio aos mais necessitados.
Nesta linha, há a preocupação do governo federal em renovar o auxílio
emergencial para o ano de 2021. O governo tem interesse político, uma vez que a
popularidade do governo melhorou após o início do pagamento das parcelas do
auxílio. Mas por outro lado é um auxílio necessário, pois sem ele a crise
econômica poderá ser agravada com baixo consumo, aumento da extrema pobreza e
podendo gerar caos na execução de políticas de segurança pública.
O grande entrave para a
renovação é a possibilidade de se extrapolar o teto dos gastos e para isto é
esperado que o governo federal anuncie medidas compensatórias para se evitar
“furar” o teto dos gastos. Estas medidas podem não ser muito populares para
algumas categorias, pois tratará de corte de despesas com pessoal, redução de
subsídios e de renúncias fiscais, sem falar na sempre recorrente tentativa se
desvincular a correção dos benefícios da previdência de valor superior a um
salário mínimo à inflação do período.
São medidas duras e que até o
momento o presidente Bolsonaro sempre se negou a aceitar, porém, para poder
manter o auxílio emergencial sem correr risco de cometer ato ilegal é
necessário efetuar algumas compensações na forma de gatilhos.
A não renovação do auxílio
emergencial sem a retomada vigorosa da atividade econômica gerará um risco
social enorme para nosso país. A retomada não acontecerá de forma vigorosa,
portanto é necessário que o governo tenha uma estratégia para a manutenção do
auxílio emergencial para evitar um caos social sem precedentes em nossa
economia.
Num cenário prospectivo do
ambiente macroeconômico temos que o PIB irá ter uma retomada, num cenário base,
de 2,3% ao ano até o ano de 2030. Com isto a taxa de desemprego poderá subir
dos atuais 13,5% de 2020 para 16,1% em 2021 e 15,2% em 2022 e mantendo uma
média de 13,0% de 2023 a 2030.
O governo necessita manter o
auxílio emergencial para poder ter uma sobrevida política e para isto terá que
conseguir uma justificativa legal para romper o teto dos gastos ou terá que
reduzir o crescimento das despesas primárias. Por conta disto, ainda persiste a
previsão de déficits primários até o ano de 2025, num cenário otimista e, num
cenário pessimista, se estenderá até o ano de 2030.
Os desafios econômicos e
políticos que aguardam o governo Bolsonaro são enormes, resta saber se terão
coragem e massa crítica para implementar as medidas necessárias.
0 comentários:
Postar um comentário