É inegável a relevância que as
pessoas dão para as eleições municipais, até porque é o executivo municipal que
atende diretamente a população com relação a saúde e outros serviços públicos
demandados. Já no caso do legislativo municipal poucas pessoas compreendem
quais são as suas funções, embora já esteja disseminado que as funções típicas
dos vereadores sejam legislar e fiscalizar o executivo.
Na prática o papel primordial
dos vereadores seria monitorar e consertar as ações dos prefeitos, quando
necessário. E para isto nosso país conta com um verdadeiro “exército” composto
por mais de 57 mil vereadores. A função de fiscalizar o executivo municipal vem
de encontro com os anseios da população de ter os recursos públicos aplicados
de forma eficiente em benefício da sociedade e não para atender os interesses
de grupos políticos e de apaniguados.
E para que os vereadores
possam cumprir com sua missão isto tem um custo. De acordo com o Demonstrativo
de Contas Anuais, da Secretaria do Tesouro Nacional, os municípios brasileiros
dispenderam mais de R$ 15,8 bilhões de reais com a função legislativa, somente
em 2019. Este valor é quase o triplo do que os municípios gastaram com
segurança pública, quatorze vezes o valor aplicado na função trabalho, o triplo
do investido na cultura e cerca de sete vezes o valor que foi dispendido com
habitação pelos municípios.
No estado do Paraná o valor
dispendido com as câmaras de vereadores no ano de 2019 foi cerca de R$ 755,6
milhões e as proporções relativas com as outras funções se evidenciam. O valor
equivale ao dobro do aplicado na segurança pública, a dez vezes o gasto com a
função trabalho, o triplo do investido na cultura e quase dezessete vezes o
valor dispendido com habitação.
É inegável a importância que
os municípios dão aos seus legislativos, basta ver a quantia de recursos que é
destinado para este segmento que deve (ou deveria) zelar pela correta aplicação
do dinheiro público. Porém, não é isto que verificamos em muitos municípios. É
comum vermos reportagens destacando práticas de corrupção e de desvios de
dinheiro público, tanto que chegou a ter quadro permanente em programas de
notícias.
Mas o que aconteceu com o
dinheiro aplicado no controle externo nos municípios? Tanto recurso é destinado
para financiar as atividades legislativas municipais e as funções
fiscalizatórias não ocorrem de forma satisfatória, dando margem para que tais
ilícitos ocorram.
Com tantas notícias destes
episódios parece que nós, brasileiros, estamos quase que anestesiados, uma vez
que não nos indignamos e deixamos de cobrar de nossos vereadores e vereadoras a
fiscalização das ações dos prefeitos.
Com isto, temos que discutir
se os municípios precisam da quantidade de vereadores que possuem, uma vez que
a Constituição Federal aponta o seu limite máximo e não o mínimo. Da mesma
forma, temos que discutir se os vereadores precisam ser remunerados,
principalmente em municípios de pequeno e médio portes. Com a economia nos
legislativos os municípios poderiam potencializar as ações na segurança
pública, na geração de emprego e renda, na cultura e na habitação e os cidadãos
iriam se indignar menos, afinal de contas todos sabemos do que precisamos.
0 comentários:
Postar um comentário