Em entrevista recente o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, apresentou como necessário e normal o aumento dos gastos públicos no período da pandemia. Isto ocorreu no mundo inteiro e não poderia ser diferente no Brasil. Caso o governo brasileiro não expandisse os gastos para socorrer a queda de arrecadação de estados e municípios e mesmo para os auxílios assistenciais a pessoas e empresas a crise econômica estaria sendo muito mais profunda.
O diferencial neste contexto
econômico é a situação gravíssima das finanças públicas que apresenta situação
deficitária desde 2014 e há uma projeção de que voltemos a ter as contas no
“azul” somente em 2033. Isto se o governo federal retomar a agenda pré-crise,
ou seja, mantendo o compromisso com a busca do equilíbrio fiscal com a retomada
do teto dos gastos e o gerenciamento responsável da dívida. Trata-se de missão
muito difícil, porém, não impossível.
A situação econômica do nosso
país é muito delicada, porém, como tenho afirmado em várias ocasiões, a
economia se recupera. Até pelo fato dela se comportar de forma cíclica. Entretanto,
não podemos descuidar disto e daí a importância em se retomar a agenda de
compromisso com a busca do equilíbrio fiscal. E para isto, também se faz
necessária a retomada das reformas estruturantes para nossa economia: a
tributária e a administrativa.
Porque a insistência em
apontar a necessidade de uma reforma administrativa? Pelo simples fato de que
há a necessidade de se aumentar a produtividade do setor público. Não se trata
de uma “ladainha”, mas da necessidade de se aumentar a produtividade brasileira
em todos os níveis. É sabido por todos que nossa produtividade está muito aquém
da produtividade das principais economias do mundo, porém no discurso de nossos
agentes políticos é apontada nossa importância e relevância no contexto
internacional.
Concordo, somos importantes e
relevantes, mas poderíamos ser mais, uma vez que temos abundância em recursos
naturais e vasta mão de obra disponível. Para isto temos que melhorar nossa
produtividade. Mas será que isto está na agenda de nossos políticos? Será que
está na agenda dos governos? A construção de ações para a busca constante do
aumento da produtividade deveria compor uma política de estado e não ser
utilizada em frases de efeitos nos discursos dos políticos.
Neste contexto temos a
necessidade da reforma administrativa do setor público, pois sem ela não
teremos perspectivas favoráveis para o financiamento das políticas públicas no
médio e longo prazo. De acordo com levantamento realizado pelo Instituto
Millenium, no ano de 2019 a folha de pagamento do funcionalismo público
federal, estaduais e municipais atingiu o valor de R$ 928 bilhões. Este valor
equivale a 13,7% do PIB, a 3,5 vezes o gasto com saúde e o dobro do gasto com
educação.
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