Recentemente me perguntaram se a nossa economia já está se recuperando da crise econômica. Pois bem, a resposta que tenho dado para esta pergunta é que a economia irá se recuperar, sim. Pode até demorar, mas a economia se recupera.
Toda economia vive em ciclos
que começam com um período de recuperação ou prosperidade seguidos pelos
períodos de desaceleração e estagnação. Daí que entra a capacidade das
autoridades econômicas e de nossos agentes políticos de tentarem impedir que os
ciclos entrem no período de recessão que, se agravado, se torna depressão.
É no momento da desaceleração
ou mesmo da estagnação que os governantes e suas respectivas equipes econômicas
devem implementar políticas públicas e mesmo reformas visando romper o ciclo
atual e iniciar um novo, através do início de uma nova fase de recuperação.
Em menos de quinze anos
passamos por três crises econômicas profundas. Tivemos a crise financeira
internacional de 2008 que derrubou a atividade econômica mundial, fazendo
muitas economias entrarem em recessão. Naquele momento a economia brasileira
estava no final de um período de crescimento vigoroso e sentimos pouco os
efeitos desta crise. Não gerou recessão, mas desacelerou nossa economia.
Logo em seguida tivemos o início
da crise fiscal brasileira, marcada pelo desajuste nas contas públicas com
déficits fiscais sucessivos e vigorosos que se agravaram no início do segundo
mandato da presidente Dilma Rousseff. Foi um período marcado pela total
irresponsabilidade de nossos governantes o que levou nossa economia para a
recessão por dois anos consecutivos.
O processo de retomada foi
lento, pois as respostas por parte do governo de efetuar os ajustes e reformas
necessários não foram o suficiente para aumentar a confiança dos investidores
internos e nem externos.
A expectativa era de que no
ano de 2020 nossa economia iria crescer em torno de 2,5% e daí sim poderíamos
dizer que tínhamos recuperado e já estávamos com os indicadores melhores. Na
verdade, encerramos o ano de 2019 com o PIB nos mesmos níveis do que tivemos no
ano de 2012. Isto por si só demonstra que a recuperação de uma crise econômica
pode levar anos.
Com a crise econômica causada
pela pandemia da Covid-19 a expectativa é que nossa economia encolha cerca de
5,77% em 2020. Com isto, o nosso PIB recuará ao valor equivalente ao PIB que
tínhamos em 2010. Desta forma, podemos considerar que estamos diante de mais
uma “década perdida”.
A economia não apresentará
crescimento em dez anos, porém a população neste período cresceu e, com isto, a
estatística que demonstra o grau de riqueza de uma economia, se deteriorou.
Nossa economia, que tinha experimentado avanços significativos no período de
1994 a 2006, fazendo com que tivéssemos melhoria da qualidade de vida da
população, agora está fazendo o caminho inverso: estamos empobrecendo.
A economia irá se recuperar, porém lentamente. Voltaremos a ter crescimento econômico e os milhares de desempregados conseguirão retornar ao mercado de trabalho. Porém, numa nova economia originada por um novo normal após a pandemia. Mas a velocidade com que isto irá ocorrer vai depender muito das reformas que os governos federal, estaduais e municipais fizerem. Pois o novo normal está gerando uma nova economia que exigirá um novo setor público. Atualmente o garrote que poderá inibir a retomada do crescimento econômico de forma mais célere é o desequilíbrio nas contas públicas. Por isto a necessidade das reformas que todo cidadão deve exigir de seus representantes políticos.
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