Em épocas normais todos se
preocupam muito com o dinheiro. Costumam até dizer que o problema não é o
dinheiro, mas a falta dele. Pois bem, nesta semana, em meio a uma das maiores
crises econômicas dos últimos cem anos, nosso país está discutindo a
“renovação” do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e
há a intenção do governo apresentar ao Congresso Nacional a proposta de reforma
tributária.
Até aí nada de mais, pois são
temas que devem ser revisitados, avaliados e revisados constantemente. Porém,
todos sabemos que a discussão sobre a necessidade de se fazer uma reforma
tributária no Brasil já urge há décadas. Quem sabe desta vez ela se efetiva.
Resta saber se será positiva para a sociedade em geral ou se tratará somente de
tentar “tirar” mais dinheiro dos contribuintes para financiar as atividades do
setor público.
Na mesma linha a discussão de
renovação do Fundeb não deveria surpreender se não fosse o caso de o governo
começar a querer discutir o tema praticamente na véspera da votação. Não se
sabe se isto ocorreu por desorganização e despreocupação do governo federal com
o tema ou se o seu silêncio foi intencional, estratégico.
Embora o Fundeb trate do
financiamento da educação a discussão sequer tangencia questões estruturantes e
se limita ao provimento de recursos para o financiamento das atividades nos
estados e municípios. Também não poderia ser diferente uma vez que é sabido que
a retórica no setor gira em torno da falta de recursos para o custeio mínimo da
educação.
Em 2019 os repasses para os
estados totalizaram R$ 68,5 bilhões e para os municípios, R$ 100,0 bilhões.
Trata-se de muito dinheiro e nossos agentes políticos não estão se entendendo
sobre as propostas. A relatora da proposta, deputada Professora Dorinha
(DEM-TO), propõem que o fundo se torne permanente e que o governo federal dobre
a sua participação. Tal proposta está sendo rechaçada pela área econômica do
governo, uma vez que não há, segundo o governo, margem orçamentária para
apropriar o aumento do desembolso.
Também há uma discordância
acerca dos valores do fundo que possam ser utilizados para pagamento de
pessoal. Inicialmente a proposta era de colocar um teto de 70% do fundo, porém
o teto virou piso, o que demonstra o despreparo do governo para discutir uma
proposta que começou a tramitar em 07 de abril de 2015.
O fato é que o Fundeb tem que
ser renovado e o governo federal tem que aumentar a sua participação aportando
mais recursos federais na sua composição. Atualmente, segundo estudo feito pelo
consultor Binho Marques, de cada 10 municípios 8 usam todo o recurso do Fundeb
com a folha de pagamento. Portanto, qualquer alteração que diminua, ou mesmo
mantenha, os valores atualmente praticados causarão o aprofundamento da crise
fiscal vivenciada por muitos municípios.
Na outra discussão, a da reforma tributária, o governo federal tenta reeditar uma espécie de CPMF. O governo nega que seja a CPMF renomeada e diz que será uma contribuição compensatória que garantirá a desoneração da folha de pagamento para gerar mais empregos. Conversa fiada. É uma nova forma de aumentar a receita.
0 comentários:
Postar um comentário