Quando
algo passa por uma espécie de transformação costumamos chama-lo de “novo”.
Porém chamar algo de novo não significa que é melhor, só estamos querendo
registrar que ocorreram mudanças.
Com
a pandemia da Covid-19 muitas coisas estão mudando e muitas outras ainda irão
mudar. Já se falam em um novo normal que nada mais é do que um padrão diferente
de convivência entre os agentes sociais, gerado por conta das novas
experiências de isolamento e distanciamento social.
O
filósofo Luiz Felipe Pondé considera “ridícula” esta história de novo normal
alegando que dentro de poucos anos ninguém mais se lembrará da pandemia e que a
utilização deste jargão não passa de uma espécie de jogada de “marketing
barato”. Independente do termo a ser utilizado o que é certo é que o
comportamento social irá se alterar.
Recentemente,
numa conversa com dois empresários, com a utilização de máscara e cumprindo com
o distanciamento social necessário para evitar ou minimizar riscos de contágio,
fui surpreendido pelo depoimento deles com relação a como é que estavam lidando
com as questões advindas da pandemia.
Um
deles relatou que optou por não demitir funcionários e aderiu ao programa do
governo federal que permitiu a redução da jornada de trabalho com a respectiva
redução dos salários. A diferença dos salários dos empregados é o governo que garante
e paga para os trabalhadores. É claro que ele afirmou que o movimento caiu
muito e que teve que fazer ajustes nas despesas, ou seja, muitas despesas que
eram consideradas normais foram relativizadas.
Com
isto, o empresário afirmou que está satisfeito, pois, embora tenha reduzido o
nível de atividade, a queda na sua produção foi menos que proporcional à
redução da jornada. Considerando que ocorreram reduções nas despesas a
rentabilidade caiu, porém não tanto quanto esperado.
Já o
outro empresário disse que, inicialmente, teve que demitir cerca de 30% de seus
funcionários, pois não conseguiria pagar os salários com a queda nas vendas.
Passado pouco mais de um mês decidiu dispensar mais alguns funcionários,
reduzindo o seu quadro à metade do quantitativo inicial. Neste caso o
empresário declarou que o nível de vendas e produção caiu muito nos meses de
março a maio, mas que já retornou à normalidade. Só que a empresa está
conseguindo manter o mesmo nível de produção anterior com metade do quadro de
funcionários. Ocorreu um aumento da produtividade de seus trabalhadores.
Muitas
pessoas poderão criticar estes relatos taxando-os de exploração dos
trabalhadores, já outras pessoas irão considerar como um novo padrão de
produção. Mas é difícil, sem estudos mais profundos, afirmar o que causou estas
transformações.
O
que é certo é que a produtividade brasileira sempre foi considerada baixa
quando comparada com outras economias e, no início deste ano, ela estava no
mesmo nível de 30 anos atrás. Estudos recentes apontam que a produtividade do
trabalhador brasileiro equivale a 25% da produtividade do trabalhador
norte-americano e 30% do trabalhador alemão ou coreano.
O
que é certo é que teremos mudanças significativas na economia com alterações na
produtividade média e marginal, porém estes eventos devem começar a ocorrer
também na produtividade do setor público, até porque não há possibilidades
sustentáveis de aumento das receitas no curtíssimo prazo.
O setor público
brasileiro terá que sofrer mudanças. Bom para muitos e ruim para alguns, mas
certa é a necessidade de uma ampla reforma na administração pública brasileira.
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