O
quadro econômico atual está muito adverso e os indicadores estão piorando. A atividade
econômica está caindo e com isto aumenta o desemprego e reduz a renda média, o
que se caracteriza como um fator retroalimentador da redução do nível de
atividade.
Com
efeito, espera-se que a piora nestes indicadores arrefeça a inflação. Só que
não é bem isto que está sendo apresentado como tendência. As expectativas
acerca dos índices de preços sinalizam para um aumento dos níveis gerais de
preços. A combinação de aumento de preços com aumento do desemprego e redução
da renda média é explosiva, ou seja, causará uma deterioração dos indicadores
sociais e econômicos.
Se
nas expectativas medianas nossa economia irá crescer cerca de 4% no período de
2020 a 2024 do lado dos preços as expectativas também não são tão boas. No
quadro mediano a inflação, medida pelo IPCA, apresenta uma expectativa de
aumento de 16% no período. Pois bem, baixo crescimento significa baixa geração
de empregos e baixo nível de renda e, com os preços aumentando numa proporção
vigorosa, o que teremos é um aumento da pobreza e da extrema pobreza.
Algumas
pessoas podem até reclamar que esta previsão é muito pessimista. A previsão
pessimista é de um aumento da inflação em cerca de 20% no mesmo período e sem
crescimento da atividade econômica. Portanto, há muito que se preocupar com a
conjuntura econômica atual e como que o governo federal irá fazer o
enfrentamento desta crise.
Nossa
sociedade não suportará que se façam experiências heterodoxas ou de novas
teorias de política econômica. Nesta linha temos que algumas sugestões
extravagantes estão sendo apresentadas por analistas governistas de plantão.
Muitos
já rechaçam a possibilidade de emissão de moeda e já é sabido que os resultados
da emissão monetária com sucessivos déficits públicos sempre ou quase sempre
geram mais inflação. Neste contexto nossa economia está tendo déficits públicos
sucessivos e a base monetária ampliada vem crescendo nos últimos anos. O papel
moeda emitido também está crescendo e no mês de abril apresentou o maior volume
dos últimos dez anos. Há quem sugira que o governo faça investimentos com os
recursos das reservas internacionais. Outro erro. Tem o mesmo efeito de emissão
de moeda.
Os
defensores da política econômica do governo poderão argumentar que a inflação
está caindo. É verdade, o índice geral está bem abaixo das expectativas, tendo
apresentado deflação de 0,16% nos cinco primeiros meses do ano. Mas quem disse
que deflação é bom? A resposta depende do ambiente econômico. Também não
devemos olhar somente o índice geral. Temos que considerar os grupos de
despesas que compõem o índice, bem como os seus subgrupos e itens.
O grupo
de alimentação e bebidas apresentou aumento de preços de 3,7% de janeiro a maio
deste ano. Os preços da alimentação no domicílio aumentaram uma média de 4,3%,
com destaques para o arroz (10,2%), feijão (24,5%) e leite longa vida (10,5%). Já
a alimentação fora do domicílio apresentou aumento médio de preços de 2,4%.
A
situação não está nada boa para os mais pobres. Com a pandemia tivemos aumento
do desemprego contrastando com aumento do custo de vida e estas condições
colocam muitas famílias brasileiras em condições de maior vulnerabilidade
social.
Não
é momento para se testar teorias modernas. A sociedade brasileira necessita de
discussões responsáveis sobre as ações que devem ser realizadas para amenizar
os efeitos da crise econômica atual e sobre as formas de retomada do
crescimento.
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