Os efeitos da crise econômica
causada pelo coronavírus serão devastadores na economia mundial. No Brasil não
será diferente, porém há a necessidade de as autoridades econômicas tomarem
medidas para amenizar estes efeitos sobre a população com maior vulnerabilidade
social.
Muitas pessoas tentam
relativizar os efeitos da crise e outros, inclusive o presidente Bolsonaro,
afirmam que a queda na atividade econômica e o fechamento de pequenas empresas
serão causadas pela estratégia de isolamento social como combate à propagação
do vírus. O discurso do presidente vem no sentido de criticar o isolamento e
distanciamento social como medida de prevenção, uma vez que, com esta
estratégia, muitas atividades econômicas são prejudicadas.
Pois bem, não tem uma fórmula
pronta para o enfrentamento de crises econômicas. Mesmo para uma crise global,
os efeitos locais dependerão muito dos fundamentos de cada economia, ou seja,
de como que as autoridades econômicas administravam os seus agregados
econômicos. Por conta disto, os efeitos são de difícil previsão. O que é certo
é que a atividade econômica irá cair causando um aumento do desemprego e o
fechamento de muitas empresas.
É fato que os efeitos desta
nova crise na economia brasileira serão maiores do que os das anteriores, há
quem afirme que os efeitos serão os piores dos últimos 120 anos. Tudo vai
depender das “respostas” do setor público para o enfrentamento da crise
econômica. Em nível federal a maior desconfiança fica sobre as ações da equipe
econômica de aceitar a implementação de políticas e ações divergentes dos
princípios liberais, que é o dominante na equipe.
Se o governo seguir uma
cartilha liberal no sentido estrito poderemos ter um agravamento da crise na
sua dimensão social. Nosso país possui uma grande desigualdade social o que
significa que há um grande contingente de pobres e miseráveis que precisam de
auxílio nos momentos difíceis. Muitas famílias já estão passando fome e as
ações entre amigos, de entidades de apoio e assistência social e mesmo as
prefeituras buscam amenizar a situação com a distribuição de cestas básicas.
Porém a demora dos governos em
tomar medidas econômicas como forma de amenizar a crise econômica pode agravar
este cenário. Digo demora porque o que foi feito até o momento ainda se apresenta
como pouco diante do quadro que está se desenhando para o futuro próximo. Não
há a negação de que o governo já esteja agindo. Só há uma análise de que é
preciso muito mais.
O setor público terá que ter
um papel maior na economia para combater a crise e isto é conflitante com os
princípios liberais da equipe econômica. Isto significa que o governo terá que
dispender de mais recursos, o que aumentará o rombo nas contas públicas. Muitas
coisas podem ser feitas pelo setor público para amenizar os efeitos da crise
econômica, porém todas elas têm os seus custos.
É certo que a meta de
resultado primário, que já era de déficit, não será cumprida. Com certeza o
déficit será o quádruplo ou o quíntuplo do inicialmente projetado. O
coronavírus já causou um desequilíbrio maior nas contas públicas e ainda terá
mais efeitos negativos. Isto nas economias que se disporem a proteger os seus
cidadãos, principalmente aqueles que se encontram em risco social.
O governo brasileiro
está agindo, mas é preciso muito mais. O desajuste social que restará trará
efeitos que serão sentidos por anos com o maior empobrecimento da população,
que poderá causar vulnerabilidade por doenças que antes já estavam erradicadas
de algumas comunidades, e diminuirá a capacidade produtiva da economia. O
momento de agir é agora. O governo não pode demorar mais.
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