Nesta
semana, em conversa com uma amiga sobre a conjuntura econômica e social atual
ela usou o termo “economia de guerra” para definir o que podemos passar nos
próximos meses. Muitas pessoas podem até achar exagero, mas não podemos
descartar tal possibilidade dada a inércia de nossos agentes políticos em assumir
o protagonismo no combate à pandemia do coronavírus.
Economia
de guerra trata-se de um fundamento econômico que ocorre quando um país ajusta
todas as cadeias produtivas para produzir mercadorias e equipamentos voltados
para um confronto armado. Há diversos relatos dos custos financeiros de uma
guerra e suas consequências para as populações dos países envolvidos e alguns
deles estudamos nos livros de história.
O que
temos pela frente não é uma guerra no sentido literal, mas as consequências
econômicas e sociais poderão ser similares dependendo das ações de nossos
governantes. Podemos aprender algumas coisas com as experiências recentes dos
chineses e dos italianos, porém a estrutura econômica e social de nosso país é
diferente.
Os
agentes políticos parecem estar totalmente “perdidos” sobre o que fazer para o
enfrentamento da situação posta e algumas soluções começam a ser “copiadas” (no
bom sentido) do que ocorreu em outras localidades do mundo.
O
termo “economia de guerra” acredito que não se aplique no caso brasileiro em
seu sentido estrito, porém as decisões que estão sendo tomadas pelos nossos
agentes políticos estão contribuindo para gerar uma conjuntura calamitosa para
nossa economia.
É
fato que os governos, em especial o governo federal, tem que tomar medidas
drásticas para o combate a esta pandemia só que nossos governantes parecem
“perdidos”, sem saber o que fazer. O presidente Bolsonaro, que deveria assumir
o protagonismo e apresentar medidas efetivas, não o faz. Os governadores,
alguns mais reticentes, tomam medidas que ainda não é possível medir suas
eficácias. E os prefeitos apresentam medidas proporcionais, sendo que a maioria
com efeitos cosméticos.
Recentemente
a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que há a possibilidade de cerca de
70% da população alemã ser contaminada com o novo vírus. E há uma explicação
científica para isto. A afirmação da dirigente é sóbria e todos sabemos que os
governos devem tomar medidas para proteger os seus cidadãos.
Nesta
linha o que o governo federal divulgou até o presente momento como medidas na
área econômica ajuda a resolver alguns problemas pontuais, porém não estão
anunciando “dinheiro novo” e sim antecipando execução orçamentária e fazendo
alguns remanejamentos.
Estas
medidas combinadas com as decisões de vários municípios de fechamento ou
controle nos horários de funcionamento do comércio, setor de serviços e
indústrias, com certeza ajudarão no combate à pandemia, porém gerarão uma nova
onda de desemprego e o governo federal tem que se antecipar e tomar medidas
para enfrentamento da crise econômica que se instalará após ou mesmo durante a
crise do coronavírus.
Decisões
como a de autorizar as empresas a reduzir em até 50% os salários dos
funcionários geram pânico. É necessário que as pessoas mantenham o isolamento
social para combater a propagação do vírus, porém muitas pessoas estão com
receio de não trabalharem e não receberem os salários integrais. Já do lado dos
empregadores, principalmente os micro e pequenos empresários, há a preocupação
em como que pagarão os seus custos fixos de portas fechadas.
Este
cenário de crise na saúde está gerando incertezas na área econômica que, com a
letargia governamental em apresentar soluções que amenizem os danos e acalentem
os cidadãos, irá gerar o agravamento da atual crise econômica.
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