O debate político em nosso
país anda um tanto quanto raso. Há quem afirme que sempre fora raso. De colônia
à nossa atualidade, passando pelo Império, República Velha, Era Vargas,
Ditadura Militar e pela Redemocratização, sempre tivemos liderem com rompantes
populistas e autoritários.
Estes perfis de líderes
políticos existiram, existem e continuarão existindo em todos os níveis de
nosso país: no federal, nos estaduais e nos municipais. A população parece que
sempre se colocou de forma “amortecida” com relação às atitudes e
comportamentos de nossos líderes políticos. Principalmente nos períodos
democráticos, onde a escolha destes líderes é feita pelo povo, as escolhas são
feitas com base em critérios distorcidos que em nada contribuem para o
benefício do coletivo.
Mas temos que acreditar que a
verdade é absoluta demais. Temos que acreditar que ela chega e toma conta.
Mesmo que demore muito tempo. A deterioração do debate político é fomentada
pelos próprios agentes políticos que não desejam qualificá-lo. Até porque se
assim o fizerem poderão não lograr êxito em seus projetos de poder. É isto
mesmo, como na época do coronelismo, muitos agentes políticos locais se colocam
como senhores da razão e dominam a pretensa verdade e conhecimento das
necessidades do povo e tentam se perpetuar no poder.
Em muitas regiões, em épocas
não muito distantes, era até comum a atuação de certas espécies de capitães do
mato para fazer prevalecer a vontade de seus mandatários, o coronel.
Na atualidade, o acesso a
comunicação e o advento das redes sociais mudaram o perfil das pessoas e estão
tornando-as mais críticas. Porém, ainda há muito a evoluir até que consigamos
romper com o modelo autoritário, cheio de censura, que ainda vigora em muitos
rincões de nosso país.
As decisões de política
econômica são tomadas visando o que é melhor para quem está no poder, e muitas
vezes não consideram os efeitos imediatos e de curto prazo sobre a população
mais dependente das políticas públicas.
Nosso país possui uma herança
maldita recebida de nossos governantes. Desde a Colônia, passando por todos os
períodos históricos, tivemos decisões que foram tomadas que até os dias atuais
oneram nossa sociedade. As irresponsabilidades dos gestores do passado
assombram a administração pública atual e ficamos reféns de decisões para
solução destes problemas que, na maioria das vezes, servem somente para
“empurrar” os problemas para as próximas gestões ou mesmo para as próximas
gerações.
Os problemas, em sua maioria
dos casos, recaem sobre a população. E nada é feito para rediscuti-los. Quando
o governo federal toma uma decisão de política econômica para buscar cumprir
metas fiscais, para refinanciar seu déficit ou coisas do gênero não há a busca
de sacrifícios para a gestão atual. As soluções passam por atingir os estados e
os municípios e os seus respectivos moradores.
Não são os agentes políticos
que se privarão de acesso a serviços e bens necessários. É a população em
geral. E os mais pobres serão os que mais sentirão o peso das decisões para a
manutenção do poder por parte dos agentes políticos, sempre sendo usados como
massa de manobra pelo convencimento ou mesmo pela distorção da realidade
através da utilização de dispositivos de repressão e censura.
As mesmas ferramentas utilizadas
na idade média foram usadas no período recente de nossa história e continuam
sendo usadas na atualidade. Claro que com algumas adaptações, mas continuam. Cabe
à sociedade encontrar alguns oásis de sensatez para fazer o enfrentamento e
tentar mudar os rumos de nossa história. Neste ano teremos mais uma
oportunidade. Espero que não deixemos ela escapar.
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