Os
brasileiros já se acostumaram com a corrupção. Estão amortecidos. Totalmente
insensíveis. Parece que não se espantam e não se preocupam mais com episódios
reais que são divulgados ou com sinais e sintomas que evidenciam possíveis
casos de desvios de dinheiro público.
Em
conversa recente com um amigo relatei alguns exemplos de desvios que foram
divulgados pela imprensa nacional e comecei a indicar algumas possíveis
situações desta natureza. Apontar evidências e indícios que poderiam
caracterizar eventos de corrupção ou de desvios de dinheiro público.
Para
meu espanto, sem constrangimentos e de forma direta, ele respondeu: “esquece
isto, cara”. “Para que se incomodar com isto? Não dependemos deles”.
Fiquei
muito incomodado com as respostas e emendei dizendo de forma irônica: “é
verdade. Afinal de contas não dependemos de saúde pública. Não dependemos de
educação pública. Não dependemos de segurança, de infraestrutura, de emprego e
renda”. Oras bolas, é claro que dependemos disto tudo e o setor público tem a
obrigação constitucional de garantir os direitos sociais dos brasileiros.
Os
eventos de corrupção afetam a todos. Cada vez que uma pessoa morre por causa de
falhas no atendimento na saúde pública ou por falta de medicamento temos que
ter a clareza que isto aconteceu porque a administração pública não teve
recursos financeiros suficientes para isto. E muitas vezes não sobrou dinheiro
para isto porque ele foi mal aplicado ou porque ele foi desviado de sua
finalidade ou porque ele, simplesmente, foi surrupiado por algum agente
corrupto.
Nós podemos
não conseguir eliminar a corrupção, mas podemos provocar soluções, ficar
vigilantes para tentar minimizá-la. Se eximir de discutir o assunto é muita
irresponsabilidade para consigo mesmo e para com os demais membros da
sociedade.
E
não adianta comemorar quando um corrupto é preso porque, como diz o ditado
popular, “essa raça raleia, mas não acaba”. Há cerca de dez anos, quando
comecei a frequentar grupos de interesse sobre controle social ouvi diversas
vezes a afirmação de que dinheiro público desviado não retorna. Podem prender
as pessoas, puni-las, expô-las perante toda a sociedade, mas o dinheiro que
fora subtraído nunca mais retornará.
Quantas
vezes nos deparamos com agentes públicos que possuem padrão de vida
incompatível com a renda que recebem? Quantas vezes ficamos sabendo de posses e
disponibilidades financeiras de certas pessoas que é evidente que com os
respectivos salários seria impossível tê-las? Não podemos nos omitir quando
situações destas naturezas acontecem. Diante destas evidências a omissão passa
a ser conivência.
Daí
quando a pessoa fica desempregada, quando seu filho fica doente e não consegue
um tratamento eficaz e rápido, quando seu filho que estudou em escola pública
sem a devida estrutura não passa no vestibular, quando o seu carro quebra por
causa dos buracos das vias públicas, quando é assaltado por falta de segurança,
o que a pessoa faz? Se conforma? Sempre foi assim? Não podemos mudar esta
realidade?
Sinceramente não
consigo agir desta forma. Não podemos agir desta forma. Temos que questionar,
apontar e cobrar soluções para estes problemas. Basta ver os resultados do
“Mensalão” e do “Petrolão”. As pessoas foram acusadas. Algumas foram presas.
Mas cadê o dinheiro desviado? Uma pequena parte até foi resgatada, mas muito dinheiro
desapareceu e os acusados já estão livres para poder usufruiu do meu, do seu,
do nosso dinheiro que devia ter sido aplicado em benefício de todos. Mas pela
nossa omissão isto não ocorreu. Não podemos nos conformar. Temos que enfrentar
o problema da corrupção em todos os seus níveis.
Perfeito Professor Rogério! A omissão é sinônimo de covardia!! E geralmente quem mais reclama da situação precária das coisas são aqueles que não se posicionam! Ficam acomodados esperando que alguém faça algo!!!
ResponderExcluirPerfeito Professor Rogério! A omissão é sinônimo de covardia!! E geralmente quem mais reclama da situação precária das coisas são aqueles que não se posicionam! Ficam acomodados esperando que alguém faça algo!!!
ResponderExcluir