domingo, 2 de fevereiro de 2020

A nova década perdida


O ano de 2020 pode ser o prenúncio de novos tempos, o início de um novo período de prosperidade para os cidadãos brasileiros. Como já é de conhecimento de todos a economia vive em fluxos que apresentam períodos de prosperidade, seguidos de períodos de desaceleração, estagnação e recessão, podendo chegar até ao período de depressão econômica.

O que define o tempo médio que a economia de cada país se mantenha em cada um destes períodos é a forma com que as autoridades econômicas administram os fundamentos econômicos e, no caso brasileiro, isto não vêm ocorrendo de forma eficiente e responsável, nos últimos anos.

Dados da Conference Board, apresentados em artigo do professor Fernando de Holanda Barbosa e publicado na revista Conjuntura Econômica, edição de janeiro de 2020, apresentam de forma clara e objetiva a situação da evolução da renda “per capita” brasileira. Barbosa afirma que, no período de 1951 a 1980, o país poderia ser considerado um “tigre asiático”, pelo fato de a renda “per capita” ter triplicado neste período. Porém, o crescimento do indicador foi moderado no período de 1981 a 2020.

Os dados de 2020 consideram a expectativa de crescimento do PIB brasileiro de 2,5% e o crescimento populacional de 0,6%. Com isto, o crescimento da renda “per capita” para o ano de 2020 seria de 1,9%. Neste período a economia brasileira se “argentinizou”, se contagiando com diversas crises econômicas e financeiras ocorridas no mundo.

Com estas projeções a economia brasileira atingiria uma renda “per capita” anual para o ano de 2020 de US$ 16.324, medidos em dólares de 2018, com paridade de poder de compra.

Este valor é inferior à renda “per capita” anual que o país apresentava em 2011, quando era de US$ 16.740. Sem sombras de dúvidas podemos considerar que a década de 2011 a 2020 poderá ser considerada uma nova “década perdida”, assim como ocorrido na década de 1980, quando os países da América Latina apresentaram crescimento econômico pífio por conta do alto endividamento público, déficits fiscais persistentes e inflação e taxa de câmbio fortemente voláteis.

O cenário do período de 2011 a 2020 para nosso país, também vai apresentar crescimento econômico pífio, o que fará com que a renda “per capita” para o período se estagne. Embora neste período não apresentamos fortes volatilidades de inflação e câmbio, tivemos uma grande indisciplina macroeconômica que praticamente travou a economia brasileira, levando ao empobrecimento dos brasileiros.

Com efeito, neste período o país apresentou uma fase de baixo crescimento econômico, que podemos considerar como sendo a fase de desaceleração, seguido de períodos de estagnação e de recessão. A retomada do crescimento, ou seja, a ruptura do ciclo, demorou muito para ocorrer e as consequência estão atingindo a todos os brasileiros. Muitos que eram ricos, se tornaram classe média. Alguns que eram classe média, empobreceram. E muitos pobres se tornaram miseráveis.

Dados do IBGE, na publicação intitulada “Síntese de Indicadores Sociais”, indicam que nosso país atingiu nível recorde de pessoas vivendo em condições de miséria: cerca de 13,5 milhões de brasileiros vivem nesta condição.

E os grandes “vilões” que provocaram esta situação no país foram o desregramento da condução das finanças públicas e o desemprego, este último causado pelo baixo crescimento da economia. Soluções para a reversão do cenário são discutidas nos palacetes acarpetados de Brasília, mas também deveriam ser debatidas pelos agentes políticos locais. Porém, estes não querem se incomodar com debates impopulares. Só querem se reeleger e, assim, mais uma vez, ficaremos reféns de Brasília.

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