Já no final de 2019 estava
evidente que a corrida eleitoral estava em pleno curso. Num primeiro momento
pelo posicionamento dos pré-candidatos e pelas articulações, elaboração de
estratégias e, por que não falar, pelas armações desenvolvidas pelos partidos e
pelos agentes políticos. Já em 2020 tudo isto fica mais robusto e as
pré-candidaturas vão se tornando mais explícitas e ganham musculatura.
O grande problema que volta de
forma cíclica, de quatro em quatro anos, são as estratégias perversas para
conquistar os votos dos eleitores. E nesta linha de ação o ciclo político
tradicional é lançado, independente de conhecer ou não seu conceito e suas
abordagens teóricas.
Na literatura dos ciclos
político-econômicos destacamos o Modelo Tradicional Oportunista, onde o
economista William Nordhaus foi o pioneiro em sua discussão através de sua obra
datada do ano de 1975. Neste modelo o autor define que o único objetivo dos
políticos é a maximização dos votos. Assim é entendido que os agentes políticos
manipulam a política econômica, tirando-a do nível ótimo, com o objetivo de aumentar
a possibilidade de se elegerem ou reelegerem.
No cotidiano da vida das
pessoas isto é sabido de forma empírica, pela experiência. É o popular “piorar para
depois melhorar”. Ou “colocar o bode fedorento na sala para depois retirá-lo”.
Os agentes políticos não se
cansam de efetuar articulações para permanecerem no poder. Pelo menos se
cumprissem com as atribuições dos cargos para o qual foram eleitos poderíamos
dizer que há fatores atenuantes para suas atitudes políticas. Porém, o que mais
inexiste é o efetivo cumprimento das respectivas atribuições.
Vemos que os vereadores, de
forma genérica, muito pouco fiscalizam as ações do executivo. Difícil ter notícia
de aprovação, nas câmaras de vereadores, de pedidos de informações acerca de
alguma atitude, despesa ou plano do executivo. E não adianta se defenderem
dizendo que está tudo certo. Não está. Sempre temos notícias de reclamações
pela ausência de serviços públicos.
Não há atendimento suficiente
e satisfatório para a população dos municípios. A demanda pelos serviços
públicos é, via de regra, reprimida pela ação reduzida do setor público na
oferta destes serviços. E o grande problema é que a população não tem para quem
recorrer para solução justa e perfeita. Quando conseguem uma solução é através
de caminhos que ferem o contrato social que deveria estar vigente.
Nesta linha os atuais
detentores de cargo de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores que irão concorrer
à reeleição começam a divulgar ações positivas, anunciar obras e feitos,
divulgar a existência de mais recursos para as áreas sociais e mesmo para a
infraestrutura. Em suma, em ano eleitoral tudo está uma maravilha. Não existem
problemas e os municípios se encontram em franco desenvolvimento. Os problemas
anunciados nos primeiros anos de gestão na forma de ladainhas foram superados e
é sugestionado que os atuais gestores são excelentes e que devem permanecer nos
respectivos cargos.
Mas, independente de quem
ganhar as eleições, as ladainhas voltarão nos dois primeiros anos do mandato. E
nos dois últimos anos do mandato começam os anúncios de maravilhas e se busca a
reeleição ou a eleição de algum apaniguado.
E assim continuamos com o
fluxo circular da vida cotidiana que precisa ser rompido com a eleição de
pessoas realmente comprometidas com as questões sociais e não apenas com os
interesses de seus grupos. Parafraseando a música de Bezerra da Silva, será que
para tirar os municípios desta situação, somente quando “morcego doar sangue e
o Saci cruzar as pernas”?
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