A
economia brasileira está retomando o crescimento econômico. De forma tímida,
lenta, mas está. E quando as coisas estão melhorando muitos oportunistas tentam
avocar a responsabilidade pelos fatos positivos. Este é o comportamento natural
dos nossos agentes políticos de plantão.
Isto
não é uma crítica à política, até porque ela faz parte da condição humana.
Falamos e precisamos de política desde a Grécia antiga, quando ela se colocava como
forma de aliança dos indivíduos em torno de uma finalidade comum e específica.
Naquela época esta aliança somente era possível por meio de duas atividades
humanas: a práxis (ação) e a lexis (discurso).
Já
na Grécia antiga estas duas práticas eram essenciais para a realização da política.
Porém, no curso da história humana podemos identificar claramente que a lexis
tomou conta da política e a práxis ficou esquecida. Se fizermos um contraste
com a nossa atualidade iremos verificar que fica cada vez mais evidente a
prevalência da lexis sobre a práxis. E isto ocorre de forma mais contumaz nos
municípios.
O
que mais vemos e ouvimos nos municípios do Brasil afora são discursos e
promessas, porém quando precisamos das ações, das práticas, não acontece. Agora
que estamos às vésperas do processo eleitoral municipal começam a ressurgir das
cinzas os eternos candidatos com a simpatia costumeira e temporal, que acontece
de quatro em quatro anos. O mesmo acontece com os atuais detentores de mandatos
eletivos, principalmente os vereadores.
Começam
a ser mais presentes nas redes sociais, discursam sobre as intenções de
propostas para melhorias da condição de vida dos munícipes e tentam justificar
o que aconteceu nos últimos anos. Tentam impor o ciclo político tradicional.
Afinal de contas o que eles querem é somente os votos da população. Se
quisessem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas teriam
fiscalizado mais as ações do executivo e teriam legislado para implantar
políticas públicas para este fim.
É
comum os noticiários apresentarem as condições das escolas de muitos municípios
sem as menores condições de funcionamento, a precariedade no setor de saúde de
outros e os problemas do desemprego e pobreza na maioria deles. E o que os
nossos representantes estão fazendo nos legislativos municipais?
A
retomada do crescimento da economia ou, pelo menos, a sensação de que a
conjuntura econômica está melhorando surge como um grande alívio para prefeitos
e vereadores, pois reduz a pressão sobre problemas sociais explícitos, tais como
o desemprego.
O
país passou por uma profunda crise fiscal ocasionada por irresponsabilidade dos
agentes políticos. Com isto, o desempenho da economia se tornou negativo e o
desemprego surgiu de forma vigorosa. Agora, com a retomada, muitos agentes políticos
locais tentam se beneficiar desta condição e induzir as pessoas a acreditarem
que a geração de emprego que está acontecendo é por causa de suas ações
políticas. Nada mais é do que uma tentativa de distorcer a verdade dos fatos.
A
economia está melhorando, mas muito pouco, ou quase nada, tem relação com
qualquer tipo de ação ou política implementada por agentes políticos locais.
Estas ações são naturais do mercado e ocorrem a partir das decisões e eventos
de política econômica.
Os
agentes políticos locais devem ser escolhidos a partir da condição efetiva de
poderem executar a práxis e não somente a lexis, pois discursos e boas
intenções não melhoram a vida das pessoas. Os agentes políticos devem agir na
prática para que isto ocorra e nós, eleitores, devemos nos lembrar disto quando
outubro chegar.
práxis (me beneficiar da teta pública) e a lexis (não me beneficiar da teta pública)
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