O
fim do ano está chegando e as pessoas já são “tomadas” pelo espírito natalino,
ou melhor, pela ânsia de descansar e participar de festas regadas a muitas
bebidas e com muita comilança. Enquanto isto o governo federal tentar impor
passos firmes na tramitação de suas reformas.
Reforma
significa, segundo os dicionários, uma mudança que é produzida buscando o
aprimoramento ou a obtenção de melhores resultados. Na sua origem podemos dizer
que reformar significa algo que está voltando à sua forma ou que está sendo
refeito ou modificado. Após a reforma da Previdência o governo federal lançou
um novo pacote de reformas que ficou intitulado de “Plano Mais Brasil”.
Este
plano é composto de três Propostas de Emenda à Constituição (PEC): a PEC
186/2019, apelidada de “Emergencial” que estabelece normas para contenção dos
gastos públicos; a PEC 187/2019 que foi apelidada de “PEC da revisão dos
fundos” e que determina a extinção de vários fundos públicos destinando os seus
recursos para o pagamento da dívida pública; e, finalmente, a PEC 188/2019, a
PEC do Pacto Federativo que propõe a extinção de pequenos municípios,
estabelece nova regra para a distribuição de recursos do pré-sal e unifica os
gastos mínimos com saúde e educação.
As
pessoas, com todas as suas tarefas do dia-a-dia ainda não perceberam a
importância de se discutir as alterações propostas neste pacote. Pode ser que
estejam cansadas de tanta militância a favor e contra o governo e só querem mesmo
é esperar as festas de final de ano e descansar um pouco. Enquanto isto, como
na música de Chico Buarque, “a banda” vai passando.
O
anúncio preliminar destas medidas chegou a indicar para o fim das vinculações
para gastos mínimos com saúde e educação. Seria o paraíso para qualquer
político poder fazer o que quiser com o dinheiro público sem que ninguém
exigisse que se priorizassem os gastos sociais.
Concordo
que é necessário discutir a manutenção ou não das vinculações, pois muitos
municípios, principalmente os pequenos municípios, não conseguem e, muitas
vezes, não precisam aplicar os valores mínimos estabelecidos na Constituição
Federal. Com esta obrigação, muitos acabam aplicando de forma compartilhada com
outras áreas os recursos da saúde e da educação. No lugar de se buscar melhorar
a qualidade do gasto e a qualidade dos serviços prestados alguns políticos
preferem fazer gastos que margeiem estas áreas.
Assim,
perdem as crianças e jovens que dependem da escola pública e as pessoas que
necessitam de um sistema de saúde que lhe atenda com qualidade, principalmente
nas especialidades.
Não
se trata de discutir a extinção ou não de pequenos municípios, nem como serão
partilhados os recursos do pré-sal ou mesmo como os governos municipais,
estaduais e federal enfrentarão o crescimento dos gastos públicos. O debate
deve focar a melhoria contínua da qualidade de vida das pessoas, fazer com que
os pobres se sintam cidadãos respeitados pelos gestores públicos.
A
discussão é muito periférica quando se trata das reais necessidades da
população. O foco central sempre é a contenção ou redução dos gastos públicos
para manter uma estrutura que não atende minimamente o que os brasileiros e as
brasileiras pobres precisam.
Se
deixarmos o debate destas questões somente com os políticos os pobres
continuarão pobres ou poderão passar a ser miseráveis. Depois que a “banda”
passar os cidadãos comuns, em especial os pobres, voltarão cada um para o seu
canto, cada um para a sua dor. E a elite continuará sendo elite. Ter mais
Brasil deveria significar dar um tratamento mais digno a todos. Mas parece que
teremos o inverso disto.
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