Já
se vão seis meses de novo governo. Um governo que foi eleito com a proposta de
mudança dos rumos da sociedade brasileira e que possui, até hoje, um grande
grupo de militantes que defendem todos os seus atos e propostas. Bom para o
governo.
A
militância virtual pró-governo é eficiente em propalar que o Presidente ainda
deve ser considerado neófito e que, mesmo assim, está conseguindo emplacar
diversas medidas e mudanças que eram esperadas e que fazem parte do escopo do
conjunto de compromissos assumidos por Bolsonaro enquanto candidato.
Embora
tenha feito muitas coisas não podemos deixar de apontar que muito pouco, ou
quase nada, foi feito para melhorar o ambiente econômico. Com a simples eleição
de Bolsonaro este ambiente econômico passou a apresentar expectativas positivas
quanto aos rumos da economia. Com a indicação da equipe econômica esta sensação
melhorou, ainda mais. Entretanto, o que era esperado por parte do governo ainda
não aconteceu: não foram apresentadas medidas efetivas para solução de
problemas na área econômica.
Muitos
irão falar que ainda é cedo e que o governo está lá somente há seis meses.
Concordo, mas a única medida tomada na área econômica foi a proposta de reforma
da Previdência que o governo apresenta e a defende como sendo a única salvação
para a economia brasileira. Não é. Até porque ela não resolverá o problema para
a qual foi concebida. Ela não resolverá o problema do déficit fiscal.
A
própria concepção da previdência, por ser social, não tem a prerrogativa de ser
superavitária. Basta vermos os grandes números de nossa economia que compreenderemos
isto. Atualmente precisamos de mais de três trabalhadores no mercado formal
contribuindo para que a Previdência possa pagar uma aposentadoria de um
salário-mínimo para um aposentado. Temos cerca de 47 milhões de trabalhadores
formais ativos e cerca de 35,1 milhões de beneficiários da Previdência Social.
Somente por estes dados podemos tomar algumas conclusões.
Também
temos cerca de 13,4 milhões de desempregados, a economia não deverá crescer nem
1% em 2019 e as expectativas de crescimento para 2020 já começaram a ser
revisadas para baixo. Considerando que acabamos de sair de uma crise financeira
internacional e que os governos brasileiros nada fizeram para garantir os
fundamentos da economia no período pré e pós-crise, pelo contrário, foram
irresponsáveis com a condução da política fiscal resultando na geração de
sucessivos déficits que agora impedem a retomada sustentável do crescimento,
deveríamos esperar muito mais do novo governo que se iniciou em janeiro. Até
porque foi eleito como sendo a solução para nossos problemas.
Para
piorar a situação há uma expectativa de que a economia mundial esteja prestes a
entrar em uma nova crise econômica mundial, onde a economia americana está
sinalizando para cortes sucessivos dos juros e tal movimento já está sendo
seguido por muitos países. Isto é resultado de uma desaceleração da economia
mundial num ritmo mais intenso do que o esperado e a expectativa é de que
ocorra um aperto monetário e que, caso as autoridades econômicas brasileiras
não ajam rapidamente, poderemos ter uma forte apreciação da moeda nacional
resultando numa queda de nossas exportações.
Com isto, se
consolida um cenário de baixo crescimento para nossa economia e deixa “na lona”
as possibilidades de retomada vigorosa na geração de empregos. De forma direta:
estamos vendo uma nova crise se construindo e o governo não reage. E enquanto
esperamos uma ação efetiva para melhoria do cenário econômico a “banda vai
passando” e ficamos para trás, mais uma vez.
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