Nosso
país continua polarizado, dividido, com pessoas dando mostras de intolerância e
de atitudes extremistas. E não são somente pessoas que disputam cargos e mandos
políticos. Desta vez a polarização radical se estendeu para o eleitorado comum
e muitos deles atuam como verdadeiros “vigilantes” na defesa das posições
políticas de seus ídolos e heróis.
O
simples fato de se tentar fazer uma análise da conjuntura política, econômica e
social já é motivo para ser criticado e rotulado de esquerdista ou de ser
oposição ao atual governo.
A
análise de conjuntura nada mais é do que um processo de investigação
interdisciplinar que busca apresentar como está a situação real e atual dos
fatos ocorridos em determinada área, local e período. O maior desafio de uma
análise de conjuntura é compreender e apresentar como ocorrem as inter-relações
das partes que formam o todo. De acordo com o professor José Eustáquio Diniz
Alves, “a análise de conjuntura funciona como um mapa que nos permite viajar na
realidade”.
Temos
que entender que a realidade é multifacetada e que ela muda quando a analisamos
em perspectivas diferentes. Falar que o governo Bolsonaro é composto por uma
maioria neófita é a mais pura verdade. Segundo o próprio Bolsonaro, ele não
nasceu para ser Presidente, mas se candidatou e agora é, portanto deve se
preocupar em cumprir a “liturgia do cargo” e apresentar soluções para os
problemas que enfrentamos.
Efetuando
uma análise próxima da realidade dos fatos o governo Bolsonaro ainda não
mostrou a que veio. Afirmar isto não significa que seja uma oposição, nem que a
pessoa seja destra ou canhota. É, simplesmente, opinar que o novo governo,
embora possa ter tomado algumas decisões interessantes, ainda não apresentou a
que veio com relação aos temas econômicos e sociais.
Neste
ponto me refiro a medidas que possam reverter rapidamente o déficit fiscal, que
permita a retomada do crescimento econômico, a redução do desemprego e a queda
da inflação. Afirmar que nada foi feito e que ainda não temos um “norte” nada
mais é do que apresentar uma constatação real do que está acontecendo.
Nosso
país está sob a égide do teto dos gastos e este poderá ser descumprido já em
2020 caso não ocorram mudanças no perfil de gastos do governo federal. Entretanto
a Câmara dos Deputados aprovou Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) do Senado aprovou emenda à proposta que, no seu escopo, engessa, ainda
mais, as contas do governo. Isto irá fazer o teto dos gastos explodir e tornar
o Presidente alvo de crime de responsabilidade.
E
quais as ações e propostas que o governo federal implantou ou tem para reverter
o déficit fiscal, retomar o crescimento, gerar empregos e conter a inflação?
Até agora somente a reforma da Previdência, que o governo não a defender de
forma coordenada.
Não
adianta os bolsonaristas afirmarem que o Presidente assumiu somente há três
meses e que temos que “dar um tempo” para que as coisas aconteçam. Ele foi
eleito Presidente em outubro do ano passado e, pelo fato de ter se candidatado,
deveria ter um projeto para nosso país. Não podemos nos contentar com respostas
simplistas e fugazes de que “ainda não deu tempo”, pois tempo é uma coisa que
está cara para os brasileiros que estão, há anos, sofrendo as consequências de
governos irresponsáveis.
Fazer
análise de conjuntura é isto, apresentar uma visão objetiva da nossa realidade
em determinada área. E se não pudermos fazer isto para provocar o debate
restará discutir temas relacionados ao pé de goiaba, ou seja, discutir coisas
sem sentido prático.
0 comentários:
Postar um comentário