O
governo federal continua sem apresentar propostas efetivas para melhorar a
conjuntura econômica de curto prazo. Não há, pelo menos de forma pública,
propostas para o combate à inflação, retomada do crescimento econômico e
redução do desemprego descoladas da proposta de redução do déficit fiscal cuja
principal proposta é a reforma da Previdência.
A
inflação deu um salto no mês de março e fechou em 0,75% enquanto a mediana das
expectativas do mercado apontava para 0,55%. É a maior alta da inflação para o
mês de março desde o ano de 2015 e recentemente tivemos a divulgação do aumento
do desemprego. O que se espera da discussão da reforma da Previdência proposta
é de que ela será desidratada e não será aprovada nos termos esperados pela
equipe econômica do governo. Com isto a economia para os próximos dez anos não
será suficiente para garantir a condição de solvência da economia brasileira.
Com
este cenário prospectivo tenebroso não se espera nenhuma melhora significativa
no crescimento econômico. Não há sequer as expectativas de “espasmos” de
crescimento e nem de “voos de galinha”.
E o
pior de tudo é que muitas pessoas defendem a letargia do governo federal com
relação as decisões econômicas alegando que “acabaram de assumir”, que “temos
que dar mais tempo para o governo” e dizendo para “deixarem o homem trabalhar”.
Esta última, inclusive foi o título do jingle da campanha presidencial de Lula
nas eleições de 2006. Mas o Brasil está deixando o Presidente trabalhar. Ele
ainda goza de prestígio e de uma enorme militância virtual que sobrepõem
qualquer crítica que surja contra o governo. Mas até quando será que a
militância virtual irá aguentar defender o governo?
As
expectativas com relação à inflação é de que ela será um pouco maior neste ano,
fechando em torno de 3,9%, e que se manterá nos níveis de 4% para os próximos
três anos. A mesma tendência ocorre com as expectativas de crescimento do PIB:
1,97% para 2019 e 2,5% para os próximos três anos. O pior é que as expectativas
sobre a Dívida Líquida do Setor Público são de aumentos significativos
indicando que atingirá o equivalente a 60,9% do PIB no ano de 2022 contra os
56% atuais.
Se a
equipe econômica do governo é liberal deve observar os ensinamentos do
economista austríaco Friedrich August von Hayek que, em sua obra intitulada
“Desemprego e Política Monetária”, apresenta o que os seus seguidores chamam de
a “verdadeira teoria do desemprego”. Nela o autor afirma que o desemprego é
causado por um viés do equilíbrio entre preços e salários e que o equilíbrio no
mercado de trabalho somente pode existir num mercado livre quando o volume de
dinheiro em poder do público é estável, podendo alterar somente a partir do
crescimento real do PIB do país.
Pois
bem, o desemprego está aumentando e a inflação está persistente. E o que o
governo está fazendo para resolver este problema? Os militantes virtuais e
reais podem elencar dezenas de coisas que foram feitas e decisões que foram tomadas,
porém nenhuma delas dá solução para estes problemas. Se forem seguir os
preceitos liberais estão fazendo o contrário. O volume médio de dinheiro em
poder do público aumentou 6,4% nos primeiros meses de 2019 em relação ao mesmo
período de 2018 e 4,3% comparados com a média dos dias úteis do ano passado
inteiro.
Com estas ações a
inflação persistirá e, segundo os próprios pensadores liberais hayekianos, o
desemprego poderá aumentar num futuro próximo. Por enquanto estamos vendo
somente a sombra, mas temos que cuidar para que não vejamos, novamente, a
assombração de uma nova crise econômica.
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