A
população brasileira ainda está vivenciando um período eufórico com a eleição e
posse de Jair Bolsonaro. A militância virtual se mantém firme no combate (e
porque não dizer massacre) de qualquer notícia ou pessoa que se coloque como
crítica ao novo governo. Até aí é tudo natural. Mas o período probatório já
acabou e o governo Bolsonaro deve começar a mostrar a que veio.
A
agenda real e necessária para este período é muito dura e impopular e vai
exigir firmeza de propósito e muita dedicação para ser cumprida. Só que nos
primeiros sessenta dias de governo o presidente Bolsonaro conseguiu demonstrar
uma verdadeira falta de sincronismo ao recuar inúmeras vezes de decisões tidas
como tomadas e anunciadas.
Outra
questão nevrálgica que está abalando a estrutura do governo Bolsonaro é a
constante preocupação com a opinião da militância virtual que age de forma
coordenada na tentativa de impor suas opiniões e vontades.
As
primeiras estatísticas econômicas começam a ser divulgadas e as análises sobre
os rumos que nosso país irá tomar já estão sendo prospectadas. Embora o governo
ainda goze de grande aprovação cerca de um terço da população não acredita que
ocorrerão melhoras na geração de emprego, no aumento da renda, na saúde, educação
e segurança pública. Pesquisa recente indicou que o governo Bolsonaro é
considerado bom ou ótimo por 38,9% da população, índice alto, porém menor do
que os índices obtidos em primeiro mandato por Lula e Dilma.
Bolsonaro
agrada o mundo virtual, mas no mundo real ainda tem que mostrar a que veio. As
expectativas econômicas para o quadriênio 2019-2022 não entusiasmam: a inflação
deve ficar na faixa de 4% ao ano, o crescimento da economia em 2,5% ao ano, o
câmbio deve aumentar um pouco e os juros básicos devem subir muito. Isto sem
falar que a reversão do déficit fiscal deve acontecer somente no último ano do
mandato.
É
fato que as coisas não andam boa para a economia brasileira. O resultado
primário de janeiro, embora tenha sido positivo, acumula no fluxo de 12 meses
um déficit de R$ 108 bilhões e o resultado nominal, que considera os juros de
dívidas, acumulou um déficit de R$ 480 bilhões, equivalente a 6,95% do PIB.
Para 2019 a expectativa é de que a Dívida Líquida do Setor Público atinja o
equivalente a 56,1% do PIB com tendência de crescimento, encerrando o primeiro
mandato de Bolsonaro em 60,2% do PIB.
Realmente
os indicadores não estão favoráveis e para melhorar isto é necessário começar a
agir no mundo real e não somente no virtual. A pressa em se tramitar propostas
de campanha como o pacote anticrime e a proposta de reforma da Previdência
foram encaminhadas sem nenhuma articulação política por parte do governo. Isto
demonstra que os projetos deverão sofrer mudanças estruturais que os
desfigurarão e poderão torná-los sem efeitos práticos.
Entre
idas e vindas o que fica evidente é que o governo Bolsonaro não sabe para que
lado seguir. O mesmo está acontecendo com o episódio da crise na Venezuela que
num momento o governo brasileiro ameaça o enfrentamento e em outro tenta se
colocar como mediador. É “muita bateção de cabeça”.
Para
buscar ser mais efetivo e eficiente na questão econômica o governo precisa
mirar o foco na redução do déficit fiscal com ação efetiva imediata, pois disto
irá depender todo o sucesso das ações que demandam financiamento, uma vez que
sem dinheiro muito pouco se faz. O crescimento econômico médio de 2,5% é muito
pouco e não dará conta de gerar os empregos que nossa economia necessita. Por
isto o governo deve fixar seus objetivos, se articular melhor e parar de mudar
de rumos e opiniões como uma pessoa troca de roupa.
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