A
cada dia que passa mais e mais pessoas começam a se preocupar com o futuro de
nosso país. Parece inevitável que estejamos caminhando para o início de um
período muito conturbado para todos. Tal abordagem pode até parecer alarmista e
pessimista, mas classifico-a como sendo realista. Não se vê e nem se ouve
nossos políticos anunciarem suas preocupações com o desemprego, com o baixo
crescimento da economia, com o alto endividamento do setor público, com o nível
da inflação e por aí adiante.
O
que presenciamos é que os deputados federais e senadores comentam sobre o
déficit público e sobre a necessidade de se efetuar reformas para equilibrar as
contas públicas. Mas em nenhum momento estes se colocam de forma efetiva na defesa
dos reais interesses dos cidadãos brasileiros. Eles se limitam a anunciar que é
necessária a reforma da Previdência para equilibrar as contas públicas e sequer
ensaiam a discussão de outras formas alternativas de se reduzir o déficit
fiscal.
De
forma análoga, não vemos, nem ouvimos e nem lemos, nenhuma declaração de nossos
deputados estaduais sobre estas mesmas questões. É como se na dimensão política
do estado não tivéssemos estes problemas econômicos. O mesmo acontece com os
vereadores: nenhuma citação ou preocupação com questões financeiras e
econômicas da sociedade. Se depender das questões econômicas conjunturais ou
estruturais nossos deputados estaduais e nossos vereadores não terão sequer uma
nova ruga na face.
Quando
se anuncia que a inflação média brasileira para os próximos anos deva ficar em
torno de 4% ao ano as pessoas reagem como se isto fosse muito baixo. Parece que
esqueceram que a inflação corrói o poder aquisitivo do dinheiro e, por
consequência disto, o poder aquisitivo dos salários. Nossos políticos não se
preocupam com isto.
Quando
se anuncia que temos cerca de 12 milhões de pessoas desempregadas, sem falar
naqueles que estão no desalento e os que estão desempregados por trabalho
precário, não vemos manifestações vigorosas de nossos políticos, afinal de
contas quem fica desempregado são os trabalhadores pobres e dependentes das políticas
públicas.
Quando
se anuncia que a dívida líquida do setor público irá atingir o equivalente a
60% do PIB também não vemos e nem sentimos a preocupação de nossos políticos,
afinal de contas quem irá pagar esta dívida são os trabalhadores e os empresários
com o aumento dos impostos e das taxas de juros.
Seria
muito gratificante presenciar a discussão destas questões econômicas
conjunturais e estruturais ocorrendo em audiências públicas nas assembleias
legislativas e câmaras de vereadores pelo Brasil afora. Mas o que vemos é o
dispêndio de energia política local e de recursos públicos para a discussão de
questões periféricas que muito pouco irão alterar a vida dos cidadãos
brasileiros. Seria muito exigir isto de nossos agentes políticos?
Para
a prática deles se aplica a máxima de não se preocupar com os outros, somente
com eles mesmos. O economista e filósofo austríaco Friedrich August von Hayek,
usou a citação “après moi, le déluge”
em sua obra “Desemprego e Política Monetária” para tipificar as atitudes dos
políticos ao se preocuparem somente com as próximas eleições. Esta frase
significa “depois de mim, o dilúvio” e é atribuída, inicialmente, ao rei Luis
XV quando a monarquia francesa estava próxima de seu fim.
E é esta a sensação
que temos, no mesmo contexto que Hayek a apresentou. Parece que nossos
políticos estão sempre preocupados com as próximas eleições e suas ações se
limitam a isto, não se preocupando com as questões nevrálgicas que podem
consumir nossa sociedade como um dilúvio.
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