O
governo Bolsonaro está próximo de completar os primeiros cem dias e ainda não
mostrou a que veio. São muitos anúncios de decisões que foram obrigados a
reconsiderar e uma inépcia de muitos de seus membros com as questões
específicas de cada área que começa a deixar certa desconfiança em todos se
este governo realmente terá condições de conduzir politicamente e efetivamente
nosso país.
É um
governo cuja maioria de seus membros é neófita. Muitos não são especialistas
nas suas áreas ou possuem ideias que conflitam com muitas lideranças políticas
ou mesmo com a população. As únicas áreas que estão transmitindo mais segurança
em seus atos são a Economia, com Paulo Guedes, e a Justiça, com Sérgio Moro.
Com
isto a confiança e credibilidade do governo começam a sofrer questionamentos e
os indicadores econômicos e sociais podem começar a piorar. Isto já pode ser
sentido nas expectativas do mercado para com o desempenho de curto prazo dos
principais indicadores econômicos. Na prática esta piora já começa a ser efetivada
com a divulgação do resultado da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar
(PNAD-Contínua) do trimestre encerrado em fevereiro deste ano. Os dados da
PNAD-Contínua apresentaram uma piora nos indicadores de emprego e desemprego.
Agora
o desemprego no mercado formal já atinge mais de 13 milhões de brasileiros, um
aumento de 892 mil pessoas, comparado com o resultado de novembro de 2018. O
nível de emprego no mercado informal também reduziu o que leva a considerar um
aumento do desemprego também neste setor. Somente no período de dezembro de
2018 a fevereiro de 2019 o país passou a ter cerca de 1,4 milhão de
desempregados a mais. Raras as exceções, esta tendência de aumento do
desemprego deve ter se repetido pelo Brasil afora. Isto sem falar na piora de
outros indicadores.
O
governo Bolsonaro deve mostrar a que veio e começar a apresentar e defender
medidas efetivas para a redução do déficit fiscal e para a retomada do
crescimento econômico com a consequente reversão dos indicadores de emprego e
renda. Nem a reforma da Previdência que está recebendo o apoio maciço de muitas
pessoas parece entusiasmar o próprio governo.
Segundo
membros da própria equipe econômica do governo, a principal medida que é
considerada como viabilizadora do crescimento econômico é a reforma da
Previdência, só que esta deverá demorar alguns meses sendo debatida no
Congresso Nacional e a proposta será “desidratada” neste processo, o que
reduzirá os efeitos práticos esperados na economia.
Com
efeito, temos que os trabalhadores assalariados bem como os empresários
brasileiros continuarão amargando tempos difíceis neste começo de novo governo.
Novo que já se tornou velho e que poderá ter a sua credibilidade reduzida
levando a demonstrar que, embora em seu começo, já esteja próximo do seu fim.
As
críticas à ausência de tecnicalidade de seus membros, à quantidade de militares
nos primeiros escalões e, principalmente, à falta de sintonia entre os seus
membros e o mandatário-mor deixam transparecer o que pode se tornar a tônica
deste mandato e que logo muitas pessoas estarão torcendo para que acabe.
O governo ainda está
no começo e é possível reverter esta tendência, porém o Presidente deve começar
a montar as estratégias de gestão de forma mais responsável e consultando
técnicos que tenham capacidade de elaborar as políticas públicas que tanto
necessitamos, sem devaneios ideológicos e sem militância virtual efetuando
linchamento de qualquer pessoa que faça comentários negativos acerca das ações
do governo. Todos devem aprender a viver na diversidade de ideias e
comportamento.
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