Passadas
as eleições, agora é hora de juntar os cacos dos derrotados e esperar passar a
ressaca da derrota. Aos vitoriosos cabe a estruturação de seus mandatos. Para
os eleitos ao legislativo é um pouco mais fácil, pois não precisam se preocupar
com os mesmos problemas que os eleitos para o executivo. As agendas são
diferentes.
A
principal preocupação dos eleitos para os executivos, tanto estaduais quanto
federal, deve ser o ajuste fiscal necessário para equilibrar as contas
públicas. Não é possível governar com sucessivos déficits ou estando à margem
da Lei de Responsabilidade Fiscal. E é isto que os governos estaduais vem
fazendo já há algum tempo.
No
caso do Presidente eleito, Jair Bolsonaro, a sua agenda fiscal é muito dura e
de difícil solução. Tudo o que prometeu ao longo da campanha eleitoral somente
poderá ser posto em prática após efetuar os ajustes fiscais para equilibrar as
contas públicas. Terá que se preocupar em estancar o crescimento da dívida
pública e reverter o déficit primário persistente. Tarefa hercúlea.
Por
mais competente e focada que for sua equipe econômica o sucesso da empreitada
dependerá da coragem do líder máximo em fazer o que tiver que ser feito, coisa que
o Presidente Temer ameaçou fazer e não conseguiu. Já os antecessores de Temer também
não o fizeram. Pelo contrário, foram os culpados pelo tamanho do rombo nas
contas públicas. Bolsonaro se demonstrou um populista, resta saber se será um
populista fiscal, tal qual Lula e Dilma. Se o for podemos perder as esperanças
num cenário de curto prazo melhor.
O
Presidente eleito também terá que enfrentar, nas primeiras horas de seu
mandato, a pressão para solucionar a questão do subsídio ao diesel, que vence
em 31/12/2018. Se não o fizer poderá haver nova mobilização dos caminhoneiros.
Também
terá que tomar medidas para cumprimento do “teto dos gastos”. Outra tarefa
hercúlea, considerando o ritmo dos gastos públicos e as práticas de coalizão
feitas com membros do legislativo. Isto sem falar que terá que estabelecer nova
regra de reajuste do salário mínimo e enfrentar a pressão por reajustes
salariais do funcionalismo público federal.
O
Governador eleito do estado do Paraná, Ratinho Jr, terá as mesmas preocupações.
Em que pese os ajustes nas contas públicas efetuados nos últimos anos, estes
foram suficientes para manter as contas em ordem até o presente momento. O
gasto com pessoal está perto do limite prudencial estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. E isto ocorre graças a algumas desonerações contábeis
do índice. Caso não existisse tal desoneração contábil o estado do Paraná já
teria extrapolado o limite de gasto com pessoal. O percentual chegaria a 64,4%
de despesas com pessoal e encargos sobre a Receita Corrente Líquida, quando o
limite é de 49%. Com as desonerações o índice está em 46,16%, muito perto do
limite prudencial que é de 46,55%.
O
governador eleito também sofrerá pressão do funcionalismo público por reajustes
salariais, uma vez que não o tem há três anos. Se o governador for conceder
somente a reposição da inflação dos últimos 12 meses já extrapolará o limite
prudencial e sofrerá as sanções previstas em lei. Outro desafio do governador
eleito será aumentar o nível de investimentos no estado.
Como
podemos constatar a missão de Bolsonaro e de Ratinho Jr não é nada fácil, por
isto há a necessidade de montar boas equipes econômicas e buscar alternativas
para se efetuar os ajustes necessários, sem aumento de impostos. Caso
contrário, não conseguirão cumprir as promessas de campanha.
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