Enquanto
militantes conservadores e progressistas se enfrentam violentamente nas redes
sociais e até mesmo presencialmente a carruagem da economia continua seguindo
em frente. Os níveis de imbecilidade e intolerância dos que defendem
candidatura “A” ou “B” estão extremadas. Agora partidos e candidatos estão se
desesperando e lançando diversas acusações uns contra os outros. Estamos
vivenciando um período nojento e temerário. O que tudo indica é que a sociedade
brasileira deverá escolher qual será o seu próprio sacrificador.
As
candidaturas que irão para o pleito derradeiro de escolha do novo Presidente da
República e respectivas equipes não apresentam, de forma clara, suas propostas
de enfrentamento do quadro econômico e social. Por conta do discurso
superficial apresentado por ambos os lados a certeza que podemos ter é de que
viveremos período difíceis nos próximos anos.
As
expectativas para a área econômica nos próximos quatro anos não são nada
favoráveis: a inflação e o câmbio deverão se manter nos níveis atuais, o
crescimento do PIB não será robusto, o saldo da balança comercial deverá cair
cerca de 20%, o investimento estrangeiro direto deverá aumentar cerca de 15% e
a dívida líquida do setor público se elevará dos atuais 54% do PIB para algo em
torno dos 61% do PIB. Com efeito, o déficit fiscal que assombra as contas
públicas há alguns anos deverá persistir ao longo do próximo mandato
presidencial.
Os
candidatos prometem criar mais empregos, fazer a economia crescer, melhorar a
educação e investir mais em saúde e segurança. Só não dizem como irão fazer
isto. Talvez apelarão para poções mágicas. Uma campanha sem propostas factíveis,
somente acusações, bravatas e devaneios ideológicos sem nenhuma demonstração de
como irão colar o discurso na prática do dia-a-dia do nosso país.
Enquanto
isto, no Brasil real o setor de serviços e as vendas no varejo crescem pouco em
termos nominais, há uma previsão de redução em 6% na safra nacional de cereais,
leguminosas e oleaginosas para 2018, a inflação acelera em todas as faixas de
renda e as contas públicas apresentam um déficit primário de R$ 58,6 bilhões no
acumulado até agosto. Sobre o que acontece no Brasil real os candidatos não se
posicionam, ficam somente com ilações.
Realmente
teremos que esperar a utilização das poções mágicas da equipe econômica do
governo que será eleito para o próximo mandato para podermos ver se as coisas
melhoram. Os discursos de ambos os lados somente prometem mais despesas
públicas quando o cenário atual indica que as receitas estão aumentando cerca
de 2%, em termos nominais, contra um aumento de 11,7% das despesas. Combinado
com isto há uma promessa de que não se aumentará a carga tributária.
Pois
bem, então podemos perguntar como conseguirão aumentar as despesas sem aumentar
as receitas? Mais ainda: temos que perguntar como farão isto sem aumentar o
déficit público e o agravamento da situação econômica nacional? Não acredito
que nenhuma das equipes dos dois candidatos terão respostas coerentes com seus
discursos para tais questionamentos. Deverão apelar para a magia.
Alguém
será eleito e as suas práticas ideológicas, viscerais e comportamentais poderão
agravar nosso quadro econômico e social. Cada um dos brasileiros já deve estar
convicto de sua escolha e talvez não perceberam que nenhum dos candidatos será
a alternativa de sensatez e equilíbrio que necessitamos. Mas, daqui a quatro
anos teremos outra chance de melhorar as coisas para nosso país. Então, que
venha 2022, sem poções e sem magias.
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