A
irresponsabilidade dos agentes políticos com a coisa pública parece não ter
fim. As recentes investidas da justiça brasileira não conseguiram dissuadi-los
de suas práticas usuais. A Assembleia Legislativa carioca, na mesma linha
populista da paranaense, derrubou veto do executivo aos reajustes dos outros
poderes. Assim como no Paraná, o estado do Rio de Janeiro também corre o risco
de descumprir o Regime de Recuperação Fiscal.
Se no
Paraná o custo do descumprimento beira a cifra de R$ 1,9 bilhão, no estado
carioca chega a R$ 18,8 bilhões. Se isto realmente acontecer a situação fiscal
do Rio de Janeiro irá ficar insustentável. Estes são alguns exemplos de como as
coisas andam na República Tupiniquim.
Para
ilustrar alguns eventos semelhantes vamos usar a história de um delegado de
polícia de um município do interior de um país fictício que chamaremos de Melcaena.
Tal delegado disse que havia recebido uma ligação telefônica de seu superior na
capital do país lhe dizendo que o governo adquiriu várias viaturas policiais e
que estas estavam disponíveis para serem enviadas para a sua delegacia. Ele
ficou muito contente e ansioso, pois há tempos necessitavam de melhores
condições de trabalho para garantir a segurança dos cidadãos daquela
localidade.
Tão
logo recebeu a notícia já foi respondendo que iria providenciar a retirada das
ditas viaturas para poder por em operação. Mas de forma abrupta foi
interrompido pelo seu chefe que disse que ele deveria indicar um deputado
estadual da região para fazer a solicitação. A entrega das viaturas seria feita
somente se o pedido viesse de um deputado da base do governo estadual.
Tão
logo ele ouviu tal afirmação, que para qualquer cidadão de bem soa como absurda,
respondeu que não tinha conhecimento se havia deputado da região para fazer tal
“indicação”. O chefe disse que ele deveria procurar um dos deputados da base
aliada do governo e solicitar a indicação, pois somente assim a delegacia da
cidade seria atendida e desligou.
O
delegado ficou decepcionado e, ao mesmo tempo, revoltado. Oras bolas, se as
viaturas já estavam compradas e se já estavam disponíveis o correto seria
coloca-las imediatamente em uso, a serviço dos cidadãos que pagam os impostos e
esperam que estes impostos retornem para eles na forma de bens e serviços
públicos de qualidade.
Mas
o que o abnegado guerreiro da lei e da justiça não sabia era que tal prática
acontecia em todas as áreas e somente recebiam ambulâncias, viaturas, remédios
e vacinas e demais investimentos nas áreas sociais aqueles que se submetiam ao
fisiologismo político daqueles que detém o poder.
Mas não
é somente em Melcaena que isto acontece. Se fizermos um voo panorâmico por muitos
países em desenvolvimento veremos que existem muitas Melcaenas pelo planeta. A
Farra com o dinheiro público é demasiada. Os políticos são useiros e vezeiros
em fazer o que bem entendem.
Assim
como em Melcaena, em muitos países os políticos aplicam os recursos públicos
segundo seus próprios interesses e de seus apaniguados, depois querem impor
reformas e cortes de gastos nas áreas sociais, alegando que precisam equilibrar
as finanças públicas.
Sem sombras de dúvidas, parafraseando Shakespeare, há algo de podre na política de Melcaena. Mas também podemos afirmar, com segurança, que há algo de podre na política de muitos outros países e a única forma de mudar isto é efetuando uma ruptura no fluxo circular da vida cotidiana, elegendo pessoas que tenham compromissos formais assumidos com a sociedade e não acreditar em discursos vazios e populistas. O povo tem o poder em sua mão, basta exercê-lo com inteligência.
Sem sombras de dúvidas, parafraseando Shakespeare, há algo de podre na política de Melcaena. Mas também podemos afirmar, com segurança, que há algo de podre na política de muitos outros países e a única forma de mudar isto é efetuando uma ruptura no fluxo circular da vida cotidiana, elegendo pessoas que tenham compromissos formais assumidos com a sociedade e não acreditar em discursos vazios e populistas. O povo tem o poder em sua mão, basta exercê-lo com inteligência.
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