O
mercado de trabalho da microrregião de Apucarana foi pouco afetado pelas
mudanças ocasionadas na recente reforma trabalhista. O dispositivo do trabalho
intermitente praticamente inexiste e as contratações por tempo parcial também são
mínimas. O emprego não aumentou significativamente como o governo federal
esperava. De janeiro de 2017 a junho de 2018 a microrregião gerou 1.977 novos
postos de trabalho. Foram 46.785 contratações contra 44.808 desligamentos no
período.
A
análise da movimentação no mercado de trabalho formal deve ser feita sob várias
perspectivas. Não podemos nos limitar somente às admissões e desligamentos,
temos que analisar as características desta movimentação. Quando esta
movimentação é analisada sob a perspectiva da faixa etária constatamos que 78,4%
das admissões são de pessoas de até 39 anos de idade. Cadê os empregos para os
mais experientes?
Já
com relação ao nível de escolaridade verifica-se que, no período, 63,3% das
admissões foram de pessoas tendo como escolaridade mínima o ensino médio
completo. Cadê os empregos para os que possuem menos escolaridade?
Com
relação ao salário de contratação, 73,1% das pessoas admitidas tiveram salário
de ingresso igual ou inferior a 1,5 salário mínimo. Entretanto das pessoas com
escolaridade mínima de ensino médio identificamos que 83,4% foram contratadas
com remuneração igual ou superior a 1,5 salário mínimo.
Estes
são somente alguns apontamentos de uma gama de informações que podem subsidiar
políticas públicas ou mesmo ações conjuntas com a sociedade civil organizada
com o intuito de gerar mais empregos e de aumentar a remuneração média real da
população.
Nosso
país está passando por grandes transformações políticas, sociais e culturais. E
por inépcia ou desinteresse de nossa classe política podemos ter “perdido o
bonde” e condenado nossa sociedade ao atraso em relação ao resto do mundo. E o
que nossos políticos estão fazendo?
A
evasão escolar à partir do ensino médio é muito grande e, considerando que os
maiores salários são pagos para quem possui escolaridade igual ou superior,
podemos considerar que a renda média do trabalhador assalariado não crescerá de
forma significativa nos próximos anos. Isto é ruim para toda a sociedade, pois
estes trabalhadores terão menor renda e gastarão menos no comércio local, que
não terá incentivos para diversificar os produtos oferecidos.
Da
mesma forma, a indústria receberá menos pedidos de produção e os produtos
produzidos para o mercado local terão padrão de qualidade compatível com os
preços baixos a serem praticados por conta da renda da população. São fatores
retroalimentadores: um depende do outro.
Como
a economia da região não diversifica e cresce pouco há, obviamente, um aumento
reduzido do volume de emprego. Com efeito, temos que os jovens de nossa região
estão migrando para centros maiores com o objetivo de conseguir empregos e com
isto nossa região está “envelhecendo”. Nosso país está chegando ao fim do bônus
demográfico. Nossa região também.
Muitas
pessoas podem pensar que tais eventos não afetam o conjunto da sociedade, mas
isto não é verdade. É claro que afeta. E a sensação que se tem é que nossos
representantes políticos não estão preocupados com tais temas. E se estiverem
devem ser os principais agentes a capitanear o debate e a busca de soluções
para tais problemas, se é que elas existem. Vereadores, prefeitos, deputados
estaduais e federais juntamente com a sociedade civil organizada deveriam estar
discutindo isto. Mas o que vemos são pautas totalmente desfocadas das
necessidades reais da sociedade. Até quando vamos tolerar isto? Até quando
esperar?
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