Sem
sombras de dúvidas a situação do mercado de trabalho anda muito complicada nos
últimos meses em nosso país. O nível de desemprego aumentou muito e a retomada
do crescimento e da geração de empregos está muito lenta no atual governo e há
muitas incertezas de como será a política econômica do próximo governo, que
será eleito neste ano.
O
professor Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou em estudo
recente sua preocupação com o nível de qualificação da força de trabalho em
nosso país. Com isto ele está indicando que o nível médio de escolaridade está
baixo e isto implica nas condições de empregabilidade das pessoas. Os setores
que estão contratando necessitam de mão-de-obra com qualificações específicas e
muitas pessoas deixam de serem contratadas pela ausência desta qualificação.
É
sabido por todos que há uma relação diretamente proporcional entre a quantidade
de anos de estudo e os níveis dos salários pagos no mercado de trabalho. De forma
mais específica isto significa que as pessoas com melhor qualificação ocupam as
vagas de emprego com maiores salários.
No
recente estudo do professor Nelson Marconi ele apontou, segundo dados da Pnad
do ano de 2017, que 12,8% dos jovens de 15 a 17 anos não estão frequentando a
escola. Dentre os de 18 a 24 anos a relação chega a 68,3%. Com isto ele conclui
que “a escola está perdendo nossos jovens para outras atividades”. Quando essas
outras atividades são atividades laborais os salários são baixos pela ausência
de experiência e qualificação.
Fiz
um levantamento das admissões dos últimos 36 meses no Estado do Paraná e ficou
nítida a grande proporção de admissões na faixa salarial de até dois salários
mínimos. No conjunto dos 399 municípios do estado 86,7% de todas as pessoas
admitidas foram contratadas com remuneração mensal de até dois salários
mínimos.
Quando
a análise é desagregada e feita para os municípios da microrregião de Apucarana
esta relação aumenta: nos nove municípios da microrregião 91,6% das admissões
foram feitas na faixa de remuneração mensal de até dois salários mínimos.
Portanto, os indicadores de admissões na região, analisados numa perspectiva
das remunerações, está pior do que o verificado na média do estado.
Este
quadro tem que ser revertido para que a qualidade de vida na região possa
melhorar. E isto somente irá ocorrer se tivermos um esforço muito grande e
articulado entre as forças políticas, empresariais e a sociedade civil
organizada. Nenhum destes, de forma isolada, conseguirá promover mudanças. As
forças políticas têm ação e visão restrita ao horizonte de quatro anos que é o
limite máximo em que ocorrem eleições. Suas preocupações mais pontuais ficam
restritas ao ciclo político tradicional. Os empresários, que necessitam da
qualificação da mão-de-obra não conseguem se organizar de forma associativa
para desenvolver tais ações, até porque a recente recessão vivenciada pela
nossa economia abalou as finanças de muitas empresas que estão tendo
dificuldades para se manter.
Já a
sociedade civil organizada não consegue sensibilizar os formuladores locais de
políticas públicas para a necessidade em se investir na educação, tanto para
garantir a manutenção dos jovens na escola quanto para proporcionar um ensino
de qualidade. E neste particular a saída de médio prazo é o ensino técnico
profissionalizante. Só que deve haver qualidade. Deve haver estrutura para
ofertar tais cursos. Se agirmos assim poderemos considerar que a reversão da
situação está iniciando. Mas a sociedade deve estar sempre vigilante para a
qualidade da educação proporcionada para nossos jovens.
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