O
IBGE divulgou a revisão da estimativa demográfica dos padrões de crescimento da
população brasileira: as Projeções da População. Estas projeções possuem fundamental
importância como subsídio para a implementação de políticas públicas e a
posterior avaliação de seus respectivos programas. Todos os agentes políticos e
públicos, incluindo as instituições, deveriam se preocupar com estas
informações. Mas o que vemos é um total descaso e desconhecimento acerca do
assunto.
A
população brasileira está envelhecendo e o que o poder público de forma geral
está fazendo para acomodar tais mudanças? Como estão planejando o futuro de
nossos jovens? Como pretendem tratar os idosos do futuro? Como tratam os idosos
atuais?
Nosso
país está no processo de transição demográfica que é um evento caracterizado
pela mudança nas taxas de natalidade e de mortalidade. Este assunto foi tratado
neste espaço há três anos e podemos dizer que pouca coisa ou quase nada mudou.
Não vemos nenhuma discussão efetiva acerca da concepção e implementação de
políticas públicas para os jovens e muito menos para os idosos. Sobre este
assunto muito se fala e pouco se faz.
Os
municípios, em regra geral, nada fazem, os estados tentam, mas não conseguem e
a União tem suas ações dispersas por falta de eficiência, de eficácia e de
recursos. Pensar na qualidade de vida das crianças, adolescentes e dos idosos,
embora seja dever do estado brasileiro, se esbarra na incompetência e
irresponsabilidade de nossos gestores públicos do passado e perpassa pelos da
atualidade.
Não
temos políticas públicas para os atuais e nem para os futuros jovens e idosos.
E a alegação padrão dos gestores púbicos é de que não tem dinheiro suficiente
para financiar tais ações. Porém as mordomias, viagens de jatinhos e conluios
políticos para a manutenção de suas castas no poder nunca cessam.
A
preocupação com nossos jovens e idosos por parte dos nossos políticos se limita
a subfunções nos orçamentos públicos onde indicam algumas migalhas de recursos.
Desafio a cada cidadão a perguntar para os vereadores, secretários municipais e
prefeitos quais são as ações, metas e indicadores que compõem as políticas
municipais de assistência às crianças e adolescentes? Perguntem também com
relação aos idosos. Não saberão responder ou enrolarão.
Não
basta o pensamento e a vontade para que possamos acessar os nossos direitos
econômicos e sociais previstos na Constituição Federal. Nossos legisladores e nossos
representantes no executivo devem elaborar e implementar políticas públicas
para que nossos direitos sejam plenamente atendidos. Só que a maioria dos
recursos públicos é gasta conforme as prioridades dos grupos de interesses dos
políticos atuais, que não são as mesmas de nossos jovens e idosos.
Atualmente
a razão de dependência demográfica total, que é o indicador do quanto que nossos
jovens e idosos dependem economicamente dos demais, está em 44,03% para o
Brasil e 43,39% para o Paraná. Em 20 anos este indicador será de 51,10% para o
Brasil e 55,55% para o Paraná. Mas com um detalhe: a proporção de idosos quase
ultrapassando a de jovens.
Daí, perguntamos: o
que nossos políticos estão fazendo para preparar nossa estrutura social para
essas mudanças? Se naturalmente está ocorrendo uma transição demográfica
acredito que temos que fazer uma transição política: trocar os políticos atuais
por novos políticos que se comprometam efetivamente conosco. Caso contrário,
estaremos sempre repetindo o bordão da hiena Hardy, personagem do estúdio
Hanna-Barbera: “Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”
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