A
música “Admirável gado novo”, composta por Alceu Valença e Zé Ramalho no final
dos anos 70 e interpretado por este último, está tão para os nossos dias quanto
para o período em que foi composta. A música, que faz referência ao romance
“Admirável mundo novo” do autor inglês Aldous Huxley, serve como crítica ao
modelo social da época onde as massas eram alienadas e se permitiam a todo tipo
de manipulação por parte dos governantes. As massas representam o povo. Nada
mais atual.
O
povo brasileiro continua se permitir manipular. Tantos nossos jovens quanto as
pessoas mais maduras e experientes de nossa atualidade estão agindo com
extremismo e intolerância. Alguns jovens, muito jovens, defendem ideias liberais,
de extrema direita e até se manifestam em apoio à uma intervenção militar.
Outro grupo de jovens agem com extremismo de esquerda pregando ideias
socialistas e, muitas vezes, até comunistas. O mesmo acontece com as pessoas
mais vividas.
Resta
saber o quanto deste comportamento é autônomo, desenvolvido com racionalidade e
com sustentação de argumentos e o quanto que é simples reprodução de
informações e discursos prontos que recebem e reproduzem.
Somos
manipulados diariamente por quem está no poder. Os versos de Zé Ramalho deixam
claro o que acontecia e o que acontece nos dias atuais: que fazemos parte da
massa que é enganada pelos falsos projetos do futuro. Realmente, é duro ter que
trabalhar tanto para conseguir um pouco para nós e nossas famílias e pagar
tantos impostos sem receber nada em troca na forma de políticas públicas
efetivas e eficientes.
A
maioria dos brasileiros apoiaram a paralisação dos caminhoneiros. Foi uma
manifestação justa e necessária. Lograram êxito parcial porque as concessões por
parte do governo federal irão beneficiar de forma mais intensa as empresas
transportadoras, porém os autônomos ainda não enxergam avanços para a
categoria. Por isto há uma insatisfação entre os profissionais do volante.
E o
pior de tudo é que o governo federal se curvou de um lado às reivindicações e
para atendê-las irá arrochar o povo com oneração das folhas de pagamentos das
empresas que, por sua vez, irá aumentar o desemprego. Também teremos aumento
dos custos de transportes com o reflexo nos preços finais dos bens e serviços
produzidos no país. Teremos mais inflação. E o povo? Ah, deveria demostrar sua
coragem e enfrentar os políticos antes que a ferrugem da engrenagem do
estamento burocrático nos devorem.
Na
mesma linha da música protesto de Zé Ramalho temos a música “Massa falida” da
dupla sertaneja Duduca e Dalvan. Nesta música do ano de 1986 há a indicação de
que se está cansado de ser enganado com tanto cinismo. O mesmo podemos entender
que se aplica nos dias de hoje porque o que o governo alega estar nos dando com
uma mão ele nos toma com a outra. Puro cinismo. Hipócritas. É como nos oferecer
uma carona no carro que nos roubou.
Realmente
os decretos da incompetência levam o povo à falência. Mas não podemos, como
na música, abortar os nossos ideais no ventre da covardia. Temos que enfrentar
o “establishment”, pois a liberdade não é utopia. A grande arma que temos é o
nosso voto e podemos “atirar”, ainda este ano, em todos os hipócritas e
pérfidos que usurpam do poder e massacram a massa.
O
Brasil tem solução, mas temos que acreditar em nosso país e no poder do povo de
promover mudanças através das ferramentas democráticas já consolidadas em nosso
país, ou seja, através do voto consciente. Depois podemos buscar formas de
financiar as políticas públicas através da redução dos gastos dos legislativos
federal, estaduais e municipais. Não podemos continuar sendo gado.
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